"No último sábado foi incontida a alegria azul e branca com o empate do Benfica em Paços de Ferreira. O raciocínio era simples: 0-0 em Paços é um resultado de equipas que jogam muito pouco, e eles lembram-se. Domingo o FC Porto assumiria a liderança da Liga após 444 dias sem o conseguir. Até o número cabalístico do jejum, fazia, em época de quaresma, antever desfecho bíblico.
As capas dos jornais de domingo não deixavam margem para dúvidas e o Dragão encheu de público para assistir ao feito e ver renascer a fénix. Os adeptos foram premiados com os 90 minutos mais longos e demorados da história do mítico campo azul e branco. Mais de 102 minutos é um bónus de 13% para quem comprou o ingresso. O FC Porto não lidera o campeonato mas lidera o tamanho dos seus jogos, também é um feito que merece destaque.
Voltando à realidade futebolística, uns e outros jogam abaixo do desejo dos seus adeptos. Quer os 94 minutos de Paços de Ferreira, quer os 102 do Dragão ficam aquém das expectativas de ambas as massas adeptas.
A nós benfiquistas, fica a não demonstrada quimera que com 102 minutos conseguiríamos vencer o Paços de Ferreira. Fica também a certeza de que João Carvalho foi o benfiquista mais decisivo desta semana, e seguramente o empréstimo desportivamente mais rentável do futebol encarnado. Esperamos todos fazer melhor no que falta da época, rumo ao proclamado objectivo de vencer o campeonato e a Taça de Portugal. Assim fica mesmo muito decisivo o jogo de dia 1: quem vencer o clássico fica quase campeão.
No fundo termina numa semana de várias galas e com alguns galos, veremos quem canta no fim. Numa semana onde o despedimento de treinadores continua e muitos adeptos perguntam quando começa o despedimento de alguns dirigentes."
Sílvio Cervan, in A Bola
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