"Tem sido interessante descobrir Rui Vitória ao longo da época. Criou um balneário solidário e revela excelentes dotes tácticos. Ontem viu-se...
É impossível separar a forma como o Benfica ganhou ontem no Funchal do trabalho, paulatino e sistemático, desenvolvido desde Julho de 2015 por Rui Vitória. A herança de Jorge Jesus - seis anos seguidos ao leme, na Luz, e três campeonatos ganhos - seria, por si só, pesada; a esta responsabilidade acresceu ainda a forma agreste como o actual técnico do Sporting se separou do Benfica e as várias frases assassinas que foram sendo ditas - «o cérebro saiu da Luz» ou «o Benfica não tem treinador» - que funcionaram como gasolina na fogueira da polémica. A tudo isto foi Rui Vitória respondendo com uma calma olímpica, ao mesmo tempo que ia aproveitando os ataques exteriores para fortalecer o espírito de equipa no Benfica. Só assim se explica a forma como os encarnados reagiram a duas derrotas particularmente sensíveis e que poderiam ter comprometido a temporada, ambas na Luz, uma com o Sporting, outra com o FC Porto. Das duas vezes, fazendo da solidariedade a bandeira, o Benfica reergueu-se, cresceu de vitória em vitória (a série actual vai nas 11, igualando o melhor que Jesus conseguira em seis anos) e passou a acreditar, e a fazer com que os adeptos acreditassem, que o tricampeonato era possível. Hoje, o Benfica está a 90 minutos de conseguir essa proeza, que foge da Luz há 39 anos. Bastará que a equipa de Rui Vitória mantenha a humildade que a caracteriza para ter condições para vencer o Nacional.
Mas, se é público e notório que o Benfica conseguiu construir, com os meios dados a Rui Vitória, uma equipa que brilhou na Europa e pode ganhar o campeonato, não é menos verdade que o técnico encarnado revelou uma acutilância táctica em momentos significativos, que esteve na base de alguns sucessos relevantes. Em Alvalade, na vitória para o campeonato, a forma como respondeu à overdose de avançados lançados em jogo por Jesus, controlando as operações a meio-campo, foi brilhante; ontem nos Barreiros, em inferioridade numérica a partir dos 37 minutos, cada ordem que deu para dentro do campo ajudou a equipa, cada troca que realizou tornou o Benfica mais forte. Tem sido interessante, ao longo da época, ir identificando nele recursos de alto gabarito que não eram detectáveis à primeira vista. Talvez porque Rui Vitória cultiva o estilo da formiga e não o da cigarra...
Uma equipa com espírito de Forrest Gump
«Porque é que não podemos continuar a correr, a correr, a correr? Somos como o Forrest Gump.
O Leicester é o Forrest Gump...»
Claudio Ranieri, Treinador do Leicester
Claudio Ranieri usou a extraordinária personagem, pobre de espírito mas voluntarista, criada por Tom Hanks, para ilustrar uma das facetas mais importantes do Leicester campeão de Inglaterra: a entrega sem limites ao jogo. Quando uma equipa pequena (17.º orçamento mais baixo, em 20 participantes) chega ao título, aquilo a que se assiste é ao triunfo do colectivo!
(...)
Nascido para ganhar
Kingsley Coman, parisiense de 19 anos, nascido no dia de Santo António, é um dos jogadores mais prometedores do futebol mundial. No sábado sagrou-se campeão da Alemanha, pela mão de Pep Guardiola, que foi contratá-lo à vecchia signora. Ser campeão aos 19 anos é, por si só, um privilégio. E que dizer de quem, com essa idade, já tiver ganho quatro campeonatos em três países diferentes? Ora, é isso precisamente o que acabou de acontecer a Kingsley Coman, campeão pelo Bayern depois de ter participado em dois títulos do PSG (2012/13 e 2013/14) e outro da Juventus (2014/15). Além de excelente jogador Coman parece ser, também, um talismã infalível.
Munique cidade de futebol e campeões
Pela primeira vez há um tetracampeão na Bundesliga. O Bayern, um dos gigantes do futebol europeu, segue a sua marcha hegemónica na Alemanha, enquanto continua a namorar a Liga dos Campeões. A Jupp Heynckes e Pep Guardiola vai seguir-se Carlo Ancelotti, príncipes do futebol na Baviera."
José Manuel Delgado, in A Bola
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