Últimas indefectivações

segunda-feira, 21 de março de 2016

Em torno da teoria da rotatividade

"A rotatividade como um bem absoluto é um disparate. Os treinadores devem, a cada momento, aferir o que é o melhor para a sua equipa...

Na vida, as generalizações são geralmente injustas e redutoras. E o futebol é vida, nem mais, nem menos, padece dos mesmos males e revela as mesmas virtudes. Vem esta introdução a propósito dos temas, sempre em voga quando se chega a esta altura do ano, dos eventuais malefícios da participação em mais do que uma competição e da forma de gerir a rotatividade dos plantéis.
Sejamos claros: há jogos a meio da semana que provocam mossa e convidam a mudanças na equipa. Por exemplo, não haverá nenhum adepto do PSV que não relacione a derrota caseira de ontem com o Ajax, no jogo do título, com o esforço físico e emocional da partida da Champions, no Calderón, que teve prolongamento e penalties. E mesmo o Bayern de Munique, que tinha tarefa mais acessível, em Colónia, percebeu que depois da Juventus era melhor rodar a equipa e Guardiola deixou de fora Muller, Ribéry e Vidal.
Qual é a melhor forma, então, de gerir as múltiplas competições? Com bom senso, na certeza de que há momentos que requerem uma fórmula e outros que se resolvem melhor com outra diferente. O que é errado é, logo à partida, desistir desta ou daquela prova, para guardar os ovos todos no mesmo cesto. É com o andamento das competições que o treinador deve decidir os efectivos a alocar a cada batalha.
Veja-se o caso de ontem, do Benfica. Com um onze profundamente marcado por castigos e lesões, foi fundamental para que os encarnados chegassem ao triunfo já fora de horas a confiança que a equipa respira e que deriva, em boa parte, dos sucessos europeus.
Se o Benfica não acreditasse que era possível, se não porfiasse até ao derradeiro instante, não sairia do Bessa com os três pontos que lhe garantiram a liderança.
Aquilo a que se convencionou chamar forma de um atleta não é feito apenas de um somatório de atributos físicos. Não basta estar bem fisicamente, ser capaz de correr mais depressa ou saltar mais alto; é fundamental estar bem de cabeça e esse estado consegue-se alavancado nas vitórias.
Ganhar é o mais poderoso dos dopings, e a confiança no triunfo que cada jogador em forma sente quando entra em campo, embora não seja quantificável, nem por isso deixa de ser absolutamente relevante e de fazer a diferença.

Jesus, Slimani e os efeitos colaterais
«Ninguém gosta de sair, todos querem jogar, e o que o Slimani diz ou pensa, para mim, vale zero. Quem está com azia que tome Kompensan»
Jorge Jesus, Treinador do Sporting
É dos livros a azia do jogador substituído. Porém, como era dito no tempo da outra senhora, «manda quem pode, obedece quem deve.» Daí que Jesus tenha estado bem ao lembrar a Slimani quem é o boss. Menos bem terá estado nos termos que escolheu. Se bem que o jogador tenha de ser chamado, à pedra, não há necessidade de humilhá-lo publicamente, como aconteceu...

ÁS
Jonas
Muita frieza e tremenda técnica do avançado brasileiro foram o abono de família do Benfica na difícil deslocação ao Bessa. Jonas, que como corolário do que tem feito de águia ao peito está de regresso à Selecção do Brasil, revela-se como o mais decisivo jogador dos encarnados: 29 golos na I Liga!!!

REI
Nélson Évora
Ficou à porta das medalhas nos Mundiais de pista coberta, revelando uma capacidade competitiva que nos deixa sonhar, de olhos postos no Brasil. Évora, sublinhe-se, não precisa de fazer mais nada para ter um lugar de honra na história do desporto português. Mas, como se percebe facilmente podemos continuar a contar com ele.

REI
Fernando Alonso
O piloto asturiano deve passar a celebrar, a 20 de Março, o dia em que renasceu. O acidente que sofreu na Austrália foi de uma gravidade só superada pela espectacularidade de que se revestiu e, depois do susto, ficou à vista de todos como tem sido melhorada, ano após ano, a segurança dos habitáculos. Fazem milagres...

Como viram na Turquia a arbitragem de Braga
A arbitragem do croata Ivan Belek no SC Braga, 4 - Fenerbahçe, 1 levantou ondas de indignação na Turquia e o 'FotoMac' fez capa com uma montagem onde Bebek aparece de exterminador implacável com as insígnias da FIFA. Por cá, mesmo quando nos toca a nós o protesto, somos um pouco mais suaves.

Um dia triste
A derrota caseira com a Rússia consumou a descida de divisão de Portugal no râguebi europeu. Depois de anos a fio em que os outros evoluíram e nós não saímos do mesmo sítio em termos de estruturas e perdemos inúmeros apoios, não será possível falar, sequer, em surpresa. E a queda não vai ficar por aqui porque nos sevens só por milagre manteremos o lugar nas World Series. Tempo para pensar e elaborar um plano que possa devolver aos Lobos pelo menos a esperança de voltar a um Mundial. Coração ao alto e olhos postos no futuro, precisa-se..."

José Manuel Delgado, in A Bola

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