"Guido Infantino era suposto pôr fim a uma era de corrupção na FIFA. Vários indícios sugerem que a corrupção se mantém a vários níveis.
Neste momento, quando se fala da FIFA fala-se sobre o Mundial de 2018, os jogos de preparação, o sorteio dos grupos, os jogadores que serão escolhidos, etc.
Muito menos importante no imaginário colectivo e na atenção dos media são os problemas de ética e de governação que se mantêm no órgão máximo do desporto máximo do planeta. É pena que assim seja, pois trata-se de problemas graves.
Em Maio de 2016, o Congresso da FIFA decidiu atribuir ao Conselho da FIFA os poderes de eleger e remover os membros dos corpos de supervisão, incluindo os comités de ética e de supervisão. Domenico Scala, então chefe do Comité de Auditoria e Conformidade, demitiu-se em protesto contra uma medida que efectivamente punha a faca e o queijo na mesma mão.
A FIFA retorquiu então que Scala interpretou mal uma proposta que, diziam os dirigentes, tinha como função tratar dos períodos de transição e remover os membros acusados de qualquer contravenção.
A proposta da FIFA (que, ao que parece, não foi circulada antes do Congresso) foi aprovada por 186 votos contra 1. O tempo veio a dar razão a Scala.
Miguel Poiares Maduro, que no mesmo Congresso foi escolhido para chefe do Comité de Governação, foi despedido há alguns meses pelo Presidente da FIFA, Guido Infantino. Embora não conheçamos todos os pormenores, parece claro que o motivo para o afastamento foi a oposição de Maduro à presença nos órgãos da FIFA de Vitaly Mutko, vice-primeiro ministro russo, pois tal violaria uma regra central da FIFA: a independência política.
Infantino era suposto pôr fim a uma era de corrupção na FIFA. Vários indícios sugerem que a corrupção se mantém a vários níveis. Mais importante ainda é o facto de a governação da FIFA se manter essencialmente dominada por um grupo de "insiders".
O "cartel" do futebol mantém-se em grande força."
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