"Foi devido ao Mundial que se olha para o futebol feminino com maior atenção
Em tempo de férias e numa altura em que as equipas preparam os seus plantéis para a temporada 2024/2025, oportunidade ainda para analisar o que a época transata deu ao futebol feminino português.
Contabilizando todas as provas em que as equipas da Liga BPI participaram (Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga, Supertaça e Liga dos Campeões), o somatório resulta em 261 jogos 961 golos marcados, ou seja, média de 3,7 golos por jogo. Fixando-nos apenas no campeonato, o Sporting concretizou o melhor ataque, com 68 golos, e a melhor defesa, com 10 golos sofridos. O Benfica foi quem mais goleadas construiu, 12, e o Racing Power a equipa que obteve o máximo de jogo sem perder, 12. Kika Nazareth, do Benfica, foi a melhor marcadora, com 17 golos.
Registaram-se alguns recordes que importa reter: A final da Taça, entre Benfica e Racing, levou 18 124 ao Jamor, batendo o recorde de assistência nesta prova; A Supertaça, cuja final se disputou entre Benfica e Sporting e transmitida em direto pela TVI, foi o jogo de futebol feminino mais visto de sempre em Portugal, com uma audiência média de 1,045 milhões de telespetadores. O recorde de assistência em Portugal é 27 221, registado no Estádio da Luz, num jogo entre Benfica e Sporting da época 2022/23. Os jogos da Seleção Nacional, durante o Mundial, no qual participou pela primeira vez, tiveram audiência média de mais de meio milhão de telespetadores.
De resto, foi exatamente devido à presença lusa no Mundial que, enfim, por cá se começou a olhar para o fenómeno feminino com maior atenção, como que percebendo-se que o futebol não é um exclusivo masculino.
Segundo os dados da FPF, já no ano de 2024 foram ultrapassadas as 17 mil jogadoras federadas, mais de 11 mil só no futebol, em virtude do crescimento registado nos escalões de formação.
No início da época, a Liga feminina contabilizou 328 atletas inscritas, distribuídas pelos 12 clubes que participaram no campeonato, mas apenas 190 tinham contrato profissional. E é aqui que ainda há um caminho longo para percorrer, porque o normal tem de ser a profissionalização de todos os plantéis. Garantir que o futebol feminino seja profissional, com uma Liga profissional, é dar-lhe as condições para que se desenvolva cada vez mais.
Na próxima época, dois clubes entrarão na Champions e na época seguinte estarão três nas provas europeias. A Liga BPI tem de crescer, tornar-se mais competitiva, proporcionar bons contratos às jogadoras, ter as equipas a jogar nos melhores estádios, em bons relvados. Só assim conseguiremos acompanhar o comboio europeu."
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