Últimas indefectivações

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Somos todos treinadores


"Terminada a primeira jornada do campeonato de futebol de 2023/24, concluímos uma vez mais que todos os adeptos são potenciais treinadores. Uns até com o nível 4, que permite orientar equipas a partir do banco. Outros, com níveis ainda superiores, cursos tirados na famosa universidade da vida à custa de anos e anos a ver jogos nos estádios e pela televisão. É sempre assim. Mal termina um jogo cujo resultado não nos agrada, chegam as críticas, as táticas, as opções e as substituições que deveriam ter sido feitas ao minuto tal e nunca no momento em que sucederam. Até podia ter a sua piada, se não fosse apenas triste.
Há uma semana, quando Roger Schmidt, a sua equipa técnica e os jogadores campeões nacionais do Sport Lisboa e Benfica (só para recordar, pode alguém se ter esquecido), fizeram uma segunda parte brilhante em Aveiro e deram um banho de bola ao adversário, tudo fez sentido. Já na segunda-feira passada, quando, reduzidos a 10 elementos (num jogo em que o Glorioso esteve sempre por cima dos acontecimentos), com bolas aos ferros, critérios de arbitragens diferentes para ambas as equipas, lances de mão na área que o VAR nem parou para analisar, aí, já a culpa é toda do Schmidt, Vlachodimos, das substituições, das novas contratações e de tudo o mais que se possa inventar para minorar a azia.
É difícil entender esta tradicional montanha-russsa de sentimentos. Claro que ninguém gosta de perder, ainda para mais naquelas circunstâncias, quando se foi a única equipa a merecer ganhar, mas isto também é desporto. Encontrar desculpas, apontar culpados, insultar árbitros, faltar a conferências de imprensa, bater no peito e outros folclores é muito fácil. E básico. Respeitar todos os jogadores, a equipa técnica e acreditar no trabalho que está a ser feito é o caminho. No fim, falamos."

Ricardo Santos, in O Benfica

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