"Início forte das águias
1. Tal como espectável, o moralizado e bem sucedido Desportivo de Chaves criou imensas dificuldades ao pressionado Benfica. Jogo a iniciar-se com forte presença do Benfica, a pressionar imenso a equipa de Chaves, com grande dinâmica do lado direito, através de Nélson Semedo, a castigar o lado esquerdo contrário convidando toda a equipa a acompanhar a sua dança frenética. Apesar deste forte cartão de visitas dos anfitriões, a estratégia dos personalizados visitantes passava por estancar o habitual e madrugador assédio contrário, espreitando criteriosamente as costas da defesa encarnada, tirando assim proveito das deambulações constantes dos seus competentes avançados para atingir a baliza de Ederson.
Semedo superlativo
2. Ao longo deste período e após entrada forte do Benfica, sempre que se soltava e conseguia estender-se no campo, o Chaves mostrava argumentos e os melhores momentos acabaram por ser dos visitantes com Fábio a desfrutar de três oportunidades para visar com êxito a baliza das águias. O habitual 4x4x2 do Chaves, dispondo de dois jogadores nos corredores laterais mas que buscam constantemente o espaço interior (Perdigão e Fábio) e um experiente médio travestido de avançado (Braga), conferem aos momentos ofensivos da equipa grande dinâmica e mobilidade, revelando ainda a equipa de Ricardo Soares grande capacidade para garantir equilíbrio defensivo em todos os momentos do jogo. Mas, como no aproveitar é que está a virtude, o golo do Benfica pelo impagável grego alterou o figurino do jogo - mais um momento superlativo de Semedo -, trazendo tranquilidade ao Benfica e tirando o Chaves do jogo por largos momentos. Mas depois do golo - somámos mais 12/15 minutos em que o Benfica assumiu o jogo, organizando o seu jogo de forma mais pensada e posicional - tudo voltou ao equilíbrio e a toada de parada e resposta com alta intensidade e transições consecutivas voltou a dominar a partida.
Neste contexto próprio de ténis de mesa, o fantástico golo de Bressan traz a verdade ao jogo (grande qualidade organizacional dos transmontanos) e obriga Rui Vitória a intervenção assertiva ao intervalo, trazendo Rafa para outros espaços (troca com Zivkovic) e amarrando Samaris à posição 6.
Ousadia criou espaços
3. A segunda parte iniciou com valor individual dos intervenientes a ditar leis. Samaris aproveitou uma vez mais a magnífica propensão ofensiva do seu lateral e Semedo a oferecer o golo a Rafa.
O Benfica voltou a controlar o jogo, revelando maior capacidade para reduzir os espaços para as saídas de Tiba e companheiros, principalmente pelo melhor posicionamento de Samaris, mais altruísta na sua missão principal de 6, homem de coberturas, guardando as costas ao dinamizador de todo o jogo ofensivo encarnado, Pizzi.
Mais Benfica na segunda parte, mas com o Chaves a mostrar-se sempre vivo, atrevido e incómodo no seu jogo. O treinador flaviense partiu em busca do resultado, promoveu alterações que trouxeram robustez ao processo ofensivo, convidando os seus homens ao assalto final à baliza de Ederson. Válida e digna de elogios a reação dos homens do Norte trazendo suspense à composta arena da Luz.
Tanta ousadia deixou espaços e permitiu ao implacável Mitroglou aproveitar a inocência do central contrário na abordagem ao lance rápido e fez o terceiro golo que selou definitivamente a partida.
Bom jogo e resultado justo mas sempre incerto em função de uma boa réplica da equipa que viajou de Trás-os-Montes carregada de justificadas e legítimas ambições."
Daúto Faquirá, in A Bola
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