"A queda do Governo ‘atrasou’ um ano uma nova entidade para dirigir a arbitragem
A pouco e pouco as coisas vão ao sítio, as peças encaixam-se, e a arbitragem do futebol, que durante décadas viveu na época das cavernas, alheando-se de que havia mais mundo lá fora, vai aderindo, finalmente, a conceitos a que outros chegaram muito mais cedo e que contribuem, acima de tudo, para a transparência, aquele patamar onde se mata a suspeição e se dá luz à credibilidade. José Fontelas Gomes, presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), no contexto de uma ação de sensibilização de novos árbitros, assumiu que em breve será possível ter acesso, em tempo real, às comunicações entre o árbitro de campo e o VAR.
E fê-lo antecipando-se, até, às diretivas conservadoras que continuam a chegar dos organismos internacionais, que parecem empenhados em manter a arbitragem na idade das trevas, quer impedindo os árbitros de se explicarem, e até de reconhecerem erros ou mostrarem apenas a sua condição humana, quer diabolizando as consequências finais da tecnologia, que inevitavelmente redundarão em opacidade zero.
Em Portugal, onde o processo de criação de uma nova entidade, independente, que dirija os árbitros de futebol das competições profissionais, ficou em stand by devido à queda, em slow motion, do Governo (era preciso mudar a Lei de Bases do Sistema Desportivo e isso não acontecerá, pelo menos na presente legislatura), esta é uma ideia que não pode morrer, porque já provou, noutras latitudes, tratar-se da via certa.
Provavelmente, se não houver nenhuma marcha atrás (que não seria tolerável), será o CA saído das eleições de finais de 2024 (e esta questão será tema da campanha) para os órgãos da FPF, a ter a missão de levar por diante esta tarefa histórica. Sem independência não haverá progresso na arbitragem, assim como sem responsabilização pública (a perceção não é tudo, mas nestes casos anda lá perto) dos árbitros pelos erros cometidos, será impossível acreditar no sistema.
Esta é a guerra que se segue em território nacional, enquanto lá fora, depois de resolvida a filosofia do offside (a lei Wenger parece a mais apropriada), as atenções irão virar-se para outra inevitabilidade que o futebol tem tentado escamotear: o tempo cronometrado de jogo. Tudo isto demora, mas há de ir ao sítio..."
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