"Na final da Taça dos Campeões Europeus 1960/61, Coluna deixou todo o estádio em suspenso após levar uma pancada na cabeça.
A primeira vez que o Benfica defrontou o Barcelona foi em Setembro de 1921 para dois jogos particulares, em terras espanholas. A equipa rubra, na altura orientada por Cosme Damião, perdeu os dois encontros, o primeiro por 5-0 e o segundo por 2-5. A explicação é bastante simples: havia um claro desnível entre as duas equipas, aliás, entre o futebol dos dois países. Era natural, em Portugal o desporto-rei ainda não o era, estava a dar os primeiros passos. Avancemos agora cerca de 40 anos no tempo, para 31 de Maio de 1961. Encontramos um Benfica, novamente, à beira de um frente a frente com a equipa dos 'culés', mas, desta vez, com tudo aquilo que faltava à turma de Cosme: preparação técnica cuidada, um grupo coeso e melhores condições de trabalho. As duas equipas encontravam-se, agora, em igualdade de circunstâncias. Dois campeões ibéricos com a mesma maturidade.
Os representantes do Benfica bateram-se como os seus antecessores. 'Dentes cerrados (...), sem desfalecimentos, com todo o entusiasmo, com toda a energia, com toda a bravura, pensamento posto na bandeira do clube que era preciso glorificar'. Tudo corria bem, até que a certa altura, ainda durante a 1.ª parte, Coluna sofreu uma forte pancada na cabeça, ficou estendido no chão e foi levado para os balneários pela equipa médica. No relvado e nas bancadas do estádio Wankdorf todos perderam a esperança de voltar a ver o capitão jogar. Já ninguém acreditava que o 'Monstro Sagrado' voltasse ao campo. No balneário, rodeado por médicos, Coluna, finalmente, acordou de cada do nariz fracturada e confuso. Não sabia onde estava nem o que tinha acontecido. A equipa médica explicou-lhe que estava na Suíça, a jogar a final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. O jogador pareceu surpreendido! Médicos e jornalistas que, entretanto, também acorreram ao balneário, não queriam acreditar no que estavam a ver. Coluna com amnésia?
Felizmente, a perda de memória foi temporária. Momentos depois voltou para o campo onde fez um monumental golo que resultou no 3-1, dando maior vantagem ao Benfica, que acabou por conquistar o mais difícil e valioso troféu do futebol europeu. Questionada acerca do jogo, Coluna afirmou que não se lembrava sequer de ter jogado na 1.ª parte: 'Nem sei como é que se marcaram os golos nem quem os marcou'. Felizmente, da incrível 2.ª parte lembrava-se! 'Lembro-me e nunca mais a esquecerei, em especial do meu golo'.
Pode saber mais sobre esta competição na área 12 - Honrar o País, no Museu Benfica - Cosme Damião."
Marisa Furtado, in O Benfica
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