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segunda-feira, 15 de julho de 2019

Cadomblé do Vata (Cardozo vs. Jonas)

"Tendo em conta os acontecimentos ainda muito vivos na memória colectiva da Nação, o texto que se segue poderá ter um efeito de produção de insultos em catadupa contra a minha pessoa. É exactamente por ter consciência de que a opinião que me preparo para transmitir, pode efectivamente carecer de razoabilidade, que tive o cuidado de contratar o Bossio para me defender dos ásperos comentários que irei receber.
Posto isto, deixem que vos diga: Jonas não foi o meu jogador do Sport Lisboa e Benfica no Séc. XXI preferido. Confesso que bate à porta de tal desiderato, mas quem ocupa esse lugar no meu coração é Óscar Tacuara Cardozo. Temos pena, venham de lá as obscenidades, mas nestas coisas, quem manda é o coração e o meu não consegue de forma alguma, ficar indiferente aos pataços que o paraguaio dava nas Probabilidades.
Na última semana, muitas vezes foi recordada a primeira imagem de Jonas pelo SL Benfica, a fazer um cabrito num arouquense, cuja identidade passou tristemente ao lado da fama. A primeira vez que vi Óscar Cardozo de água ao peito foi na Roménia, contra o Cluj. Depois de 45 minutos a olhar para o emblema que trazia ao peito, na segunda parte dominou uma bola fora da área, e esticou-lhe um daqueles junto ao poste esquerdo do guarda redes. Os meus olhos naquele momento transformaram-se em dois corações rosa, tal como o equipamento que os nossos atletas vestiam nesse dia. 
Comparativamente, Tacuara começa logo a ganhar pontos no local de nascimento. Jonas nasceu em Bebedouro, é certo, mas reparem... Cardozo é natural de Doctor Juan Eulogio Estigarribia. O nome da localidade natal dele, é maior que o seu próprio nome. Enquanto o Pistolas é bebedourense, Óscar é Doctor Juan Eulogio Estigarribiense. Só com calhaus maiores que o Bynia no peito, não se pode ser sensível a isto.
Depois o 7 Glorioso aumenta vantagem em relação ao 10 Encarnado no físico. O brasileiro era elegância e altivez. O paraguaio era alto e desengonçado. O único homem que vi de Manto Sagrado no corpo, cuja perna era mais grossa abaixo do joelho do que acima. Atleta com físico mais improvável, só Marc Tolrá, que além de destrambelhado, tinha pés de pato. Jonas era craque a andar. Óscar não fez carreira como roupeiro porque por milagre, caiu nas mãos de um treinador qualquer que quis desafiar o status quo.
Mas onde Cardozo suplantou aquele que deveria ter sido seu colega de ataque no Benfica, foi dentro do campo. Jonas era souplesse, classe e técnica. Cardozo era força, força e enormes "quesafoda" na finalização, com penaltys a 170km/h que corriam Mundo. Para o Tacuara, "finalização em souplesse" era aquilo que fez em Alvalade nos 4-1 da Taça da Liga: sozinho a 40 metros da baliza, levantou a canhota, baixou-a em câmara lenta e disparou uma bufinha, que meteu "duas abaixo" quando chegou perto de Rui Patrício. O paraguiao bocejou e foi festejar com os adeptos. Saudades Imensas."

2 comentários:

  1. Pensei que era só eu que valorizava desta forma o Tacuara.
    Óscar era democrático, marcava aos pequenos e aos grandes, cá dentro e lá fora (europa). Óscar não borregava.
    Podia e devería ter saído por uma porta maior que a que saiu.

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    1. Até porque sendo tão grande, saindo por uma porta pequena podia lesionar-se gravemente. :-))

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