Últimas indefectivações

terça-feira, 6 de outubro de 2015

"Um pombo à cabeça e um cão ao ombro..."

"A história do jogador de futebol que era columbófilo e que vivia numa casa que mais parecia a Arca de Noé.

José Torres (1938-2010) teve uma longa carreira como jogador, somando 23 anos de carreira no futebol profissional. Nunca é demais relembrar que o avançado esteve ao serviço do Sport Lisboa e Benfica durante 12 épocas, ao longo das quais auxiliou o Clube na conquista de 16 títulos.
Os seus feitos desportivos, tal como a sua inconfundível figura - alta, esguia, de rosto estreito e sobrolho carregado  - são já bem conhecidos. O que muitos desconhecem é que José Torres tinha uma paixão para além do relvado: a columbofilia. Em sua casa tinha cerca de uma centena de pombos que ele próprio treinava mas, de todas aquelas aves, uma era especial: o Menino.
O Menino, ao contrário dos restantes, não era um pombo-correio e não vivia no pombal. O Menino circulava livremente entre a casa e o quintal, onde brincava com José Augusto, Francisco José, Maria da Nazaré e Ana Maria, os filhos do jogador, mas sobretudo com o Pitó, o cão.
Quem nos dá a conhecer a curiosa histórica do Menino e do Pitó é o jornalista Carlos Pinhão que, ao serviço do jornal A Bola, se deslocou juntamente com o fotógrafo Nuno Ferrari a casa do jogador. O objectivo inicial era, como seria de supor, fazer uma reportagem sobre futebol mas, sendo recebidos entusiasticamente pelos dois bichos, logo a temática foi alterada.
Sentaram-se para dar início à entrevista e, de repente, o jornalista tinha 'um pombo à cabeça e um cão ao ombro...', um momento que descreve como 'verdadeiramente inesperado'.
'-São amigos' - começou Torres a explicar.
'-Quem?
-O cão chama-se «Pitó» e o borracho é o «Menino». São muito amigos um do outro, andam sempre na brincadeira.'
E assim, o pombo e o cão ganhavam o papel de protagonistas na entrevista. Na página d'A Bola, Pinhão continuava:
'É giro ver o cão a correr e o pombo a acompanhá-lo, voando. (...) diz-nos Torres que brincadeiras assim se estendem às galinhas, aos patos, aos gatos...'. 'Mas isto é uma casa ou a Arca de Noé?', perguntou  o jornalista.
O fotógrafo, 'a rir-se às escâncaras', disparava continuamente. Torres limitou-se a responder:
'-Ainda bem que vocês vieram cá a casa (...) é que ninguém acredita, (...) agora é diferente, vendo as fotografias do Nuno...'.
No Museu Benfica - Cosme Damião, são vários os locais onde Torres é recordado, entre eles a área 23. Inesquecíveis."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

1 comentário:

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