"São assim as 'finais', todo o banco em pé, treinadores num alvoroço para trás e para a frente a barafustar, jogadores em picardias. Foi assim ontem com Bruno Lage, será assim hoje com Rui Borges?
É ao melhor estilo de Hitchcock que Benfica e Sporting estão a conseguir criar um ambiente de cada vez maior suspense à medida que o enredo deste filme se aproxima do final.
E, tal como nas obras do grande mestre do cinema, também nesta, protagonizada pelos dois rivais eternos, os personagens conduzem-nos, cena após cena, para um ponto da história em que o medo e a ansiedade vão tomando conta dos espectadores na mesma medida em que assombram os atores principais, deixando-os, por conta de alguns sustos aqui e ali, à beira de um ataque de nervos, num misto de sensações que extravasa não só do ecrã para o público, mas também dos espectadores para o próprio filme.
É assim, que «um dia à la vez», como Bruno Lage tanto tem expressado e como ontem se viu escrito na cabeça de Otamendi, Benfica e Sporting vão sendo encaminhados para o clímax desta obra prima em que se estão a transformar os instantes finais da Liga 2024/2025: o duelo entre ambos, o dérbi dos dérbis, agendado para o próximo dia 10 e que poderá ajudar a definir o herói deste filme.
Frente ao Estoril, numa viagem supersónica entre a luz intensa da primeira parte e o perigoso apagão da segunda (que deixou Bruno Lage e os jogadores à beira do já mencionado ataque de nervos, esbracejando e gritando impropérios perante a possibilidade, que quase se tornou real, de perderem pontos na Amoreira), as águias lá cumpriram a sua parte do contrato com a produtora de cinema que as escolheu para estrelas do prometido blockbuster; resta saber, agora, como as igualmente brilhantes celebridades do Sporting reagirão esta noite na receção ao Gil Vicente, sabendo que, neste sprint final qualquer deslize pode significar o The End para uma das personagens principais.
No Estoril, o Benfica sentiu na pele essa sensação de risco, esse arrepio que vai subindo pela espinha e se aloja no pescoço e na cabeça. Teve, é certo, corajosos heróis à altura do momento, destacando-se aqui os papéis de Otamendi (que capitão!) e de Trubin, a salvar a noite defendendo um penálti (ele que já fora decisivo em Guimarães, no jogo fora de portas imediatamente anterior). O desespero ameaçou apoderar-se de jogadores, técnicos e adeptos, mas, no fim, o receio deu lugar à esperança e aos sorrisos de alívio e felicidade.
Que resposta dará hoje o Sporting? Dizia Hitchcock que «estilo é plagiar-se a si mesmo». Se, enganando o sofisma, respeitarem o argumento, os leões voltarão hoje a ocupar a liderança, para que esta seja disputada olhos nos olhos no duelo final de dia 10 de maio."

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