"Ao vice-líder da Emirates, fica bem o amarelo do Tour, da Volta e de tantas outras provas, mas também o rosa do Giro, ou o vermelho da Vuelta. Apesar do dérbi de sábado, não relevar hoje os seus feitos, seria sinónimo de miopia desportiva...
Sei que o argumento que serve de base a esta crónica é impopular em muitos círculos, mas esse critério não será chamado à colação. É o que que penso, e aqui vai. Todas as modalidades são, na dignidade, iguais, mas umas são mais iguais que as outras, em função de duas circunstâncias: o número de praticantes e o interesse que geram. Ora, entre as mais relevantes – que tem adeptos em todos o Mundo, desde que conquistou os Estados Unidos com Greg LeMond, seduziu a Austrália, com Cadel Evens, conquistou a América Latina com Egan Bernal e encantou África com Biniam Girmay - está ao ciclismo, que tem a melhor equipa – Emirates – no Médio Oriente, e depois de ter superado (assim o desejamos...) os problemas de credibilidade causados pelo ‘doping’, revela pujança, investidores, atração dos media, e aquela simplicidade (que é aparente, porque o ciclismo, feito de heróis individuais, é essencialmente uma modalidade coletiva) que faz a sua grandeza, já que, como não quem nunca tenha dado um pontapé numa bola, não haverá quem não saiba andar de bicicleta (as exceções só confirmam esta regra!).
Portugal, que a nível de competições nacionais (Volta ao Algarve e Clássica da Figueira à parte) vive na indigência, tem nesta altura uma série de ciclistas de grande nível (capazes de ouro olímpico em pista), que depois de José Azevedo, um gregário de Lance Amstrong ao nível do que Joseph Bruyère foi para Eddy Merckx, teve em Rui Costa um expoente, e vê, em João Almeida, o legítimo sucessor de Joaquim Agostinho. Ainda será cedo para dizer se João Almeida vai ser o Cristiano Ronaldo de Agostinho/Eusébio, mas aquilo que o ciclista de A-dos-Francos mostra é mais do que conjuntura, estamos, de facto, perante um dos melhores do Mundo na difícil arte de dar ao pedal.
Depois dos brilharetes no Giro (3.º, 4.º e 6.º) e na Vuelta (5.º e 9.º), e do quarto lugar no Tour de 2024, as vitórias em competições de uma semana do World Tour, como a Volta ao País Basco e o Tour de Romandie (já tinha vendido, em anos anteriores, as Voltas à Polónia e ao Luxemburgo), confirmaram estarmos perante um dos grandes da modalidade, numa era em que coabitam Pogaçar, Evanepoel, Roglic e Vingegaard. Ainda pensei que um Ás ou o destaque na Fotolegenda seriam suficientes para realçar João Almeida. Mas o ciclista da Emirates ganhou, por mérito próprio, direito ao destaque principal desta página.
VEM AÍ O DÉRBI
O título nacional de futebol de 2024/25 vai ser decidido (a 99% ou a 100%) num Benfica-Sporting a disputar, no próximo sábado, no estádio da Luz. Do ponto de vista de Hitchcock, pedir mais, era impossível, duas décadas depois de termos estado perante uma situação semelhante, nos idos de Trapattoni e Peseiro. Sendo o clássico dos clássicos, seja em que circunstância for, absolutamente insondável, este ainda o será mais, porque além dos elementos futebolísticos, ‘strictu sensu’, ainda deverão ser consideradas as envolventes psicológica e emocional, dando de barato que o fator casa, nestes jogos é, muitas vezes, irrelevante. A única questão realmente importante, quiçá decisiva, é saber por quem vai torcer, não Pedro Proença nem Reinaldo Teixeira, nem Luciano Gonçalves ou João Pinheiro (putativo árbitro do dérbi), mas Sebastião José de Carvalho e Melo..."

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