"1. Não é hábito falarmos neste espaço dos jogos
internacionais dos nossos adversários internos.
Não é, por definição, um assunto que nos diga respeito. Está explicado. No entanto, na última terça-feira, o Sporting, o 2.º classificado do Campeonato
Nacional, foi à Alemanha jogar com o Bayern de
Munique para a Liga dos Campeões, e, no fim do
encontro, o seu treinador disse umas coisas que,
enfim, merecerão a nossa atenção.
2. O treinador do Sporting disse umas coisas um
bocadinho absurdas, consumada a derrota por 3-1.
Nunca nenhuma equipa portuguesa ganhou ao
Bayern de Munique, em Munique, e o Sporting não
fugiu à regra. Tudo normal.
3. Ainda assim, quem seguiu a transmissão do jogo
na Sport TV pode ter ficado convencido aos 54
minutos, momento em que a equipa portuguesa se
adiantou no marcador, de que o jogo já tinha terminado com a vitória do Sporting, de tal monta foi o
alarido dos relatadores daquela estação celebrando a primeira vitória de uma equipa nacional em
Munique, embora faltasse mais de meia hora para
o término da partida. Adiante…
4. Adiante porque já avançámos que o treinador do
Sporting proferiu umas coisas um bocadinho
absurdas no fim do jogo de Munique, mas ainda
não desvendámos quais foram as tais coisas um
bocadinho absurdas proferidas por Rui Borges.
Então, cá vai… Falando aos jornalistas nacionais
que acompanharam o jogo na Alemanha, o treinador do Sporting lamentou-se do trabalho do árbitro, um sujeito escocês, chamado Walsh.
5. E disse, contristado: “Saímos daqui com 2 golos de
bolas paradas, outro golo que é precedido de falta.
Nós às vezes queixámo-nos tanto dos nossos árbitros, e se calhar são dos melhores... Custa sair
daqui assim por isso.” Em resumo, o Sporting perdeu por causa do árbitro, segundo o seu treinador.
Nem vamos discutir se foi por causa do árbitro que
o Sporting perdeu o jogo, porque esse pormenor,
para nós, não tem importância nenhuma. Não é um
problema nosso.
6. O que tem importância, e é problema nosso, é ouvir
o treinador do Sporting afirmar que “nós em Portugal às vezes queixamo-nos tanto dos nossos árbitros…” Como é possível dizer-se uma coisa destas?
Mas “nós”, quem? Quando é que se ouviu o treinador do Sporting queixar-se “tanto” dos árbitros em
Portugal? Quando? Sim, quando? Nunca.
7. É que não há memória nestes tempos recentes de
se ter ouvido treinador ou presidente ou apanha-
-bolas do Sporting a queixar-se “tanto” dos árbitros portugueses. Daí terem estranhado o sujeito
escocês que lhes apareceu pela frente em Munique. Pobre mister Walsh."
Leonor Pinhão, in O Benfica

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