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quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Mas “nós”, quem?


"1. Não é hábito falarmos neste espaço dos jogos internacionais dos nossos adversários internos. Não é, por definição, um assunto que nos diga respeito. Está explicado. No entanto, na última terça-feira, o Sporting, o 2.º classificado do Campeonato Nacional, foi à Alemanha jogar com o Bayern de Munique para a Liga dos Campeões, e, no fim do encontro, o seu treinador disse umas coisas que, enfim, merecerão a nossa atenção.

2. O treinador do Sporting disse umas coisas um bocadinho absurdas, consumada a derrota por 3-1. Nunca nenhuma equipa portuguesa ganhou ao Bayern de Munique, em Munique, e o Sporting não fugiu à regra. Tudo normal.

3. Ainda assim, quem seguiu a transmissão do jogo na Sport TV pode ter ficado convencido aos 54 minutos, momento em que a equipa portuguesa se adiantou no marcador, de que o jogo já tinha terminado com a vitória do Sporting, de tal monta foi o alarido dos relatadores daquela estação celebrando a primeira vitória de uma equipa nacional em Munique, embora faltasse mais de meia hora para o término da partida. Adiante…

4. Adiante porque já avançámos que o treinador do Sporting proferiu umas coisas um bocadinho absurdas no fim do jogo de Munique, mas ainda não desvendámos quais foram as tais coisas um bocadinho absurdas proferidas por Rui Borges. Então, cá vai… Falando aos jornalistas nacionais que acompanharam o jogo na Alemanha, o treinador do Sporting lamentou-se do trabalho do árbitro, um sujeito escocês, chamado Walsh.

5. E disse, contristado: “Saímos daqui com 2 golos de bolas paradas, outro golo que é precedido de falta. Nós às vezes queixámo-nos tanto dos nossos árbitros, e se calhar são dos melhores... Custa sair daqui assim por isso.” Em resumo, o Sporting perdeu por causa do árbitro, segundo o seu treinador. Nem vamos discutir se foi por causa do árbitro que o Sporting perdeu o jogo, porque esse pormenor, para nós, não tem importância nenhuma. Não é um problema nosso.

6. O que tem importância, e é problema nosso, é ouvir o treinador do Sporting afirmar que “nós em Portugal às vezes queixamo-nos tanto dos nossos árbitros…” Como é possível dizer-se uma coisa destas? Mas “nós”, quem? Quando é que se ouviu o treinador do Sporting queixar-se “tanto” dos árbitros em Portugal? Quando? Sim, quando? Nunca.

7. É que não há memória nestes tempos recentes de se ter ouvido treinador ou presidente ou apanha- -bolas do Sporting a queixar-se “tanto” dos árbitros portugueses. Daí terem estranhado o sujeito escocês que lhes apareceu pela frente em Munique. Pobre mister Walsh."

Leonor Pinhão, in O Benfica

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