"Pouco, muito pouco para o que foi prometido. As palavras começam a faltar. A noção de responsabilidade ganha cada vez mais força.
Desde o principio da época que nós, sportinguistas, acalentámos fundadas esperanças no êxito da equipa profissional de futebol, tanto mais que os reforços concretizados, sobretudo, os da reabertura do mercado de Janeiro, eram capazes de dotar o plantel da capacidade indispensável para lutar em todas as frentes envolvidas. Agora que a época futebolística entra na recta final, o balanço que se poderá fazer até ao momento é o de que as coisas não estão a correr de feição pese embora o facto de, em teoria, serem ainda possíveis êxitos quer na Liga Europa quer na Taça de Portugal. Todos temos consciência de que mais um adiamento da conquista do Campeonato Nacional constitui um fiasco difícil de ultrapassar, sendo legítimas as interrogações da massa associativa a propósito de um conjunto de afirmações produzidas pelos principais dirigentes da nação leonina, garantindo reiteradamente vitórias e conquistas. Se é verdade que devemos ser algo condescendentes para com tais estados de alma (manter a chama acesa assim o obriga) o que é certo é que as exibições e os resultados obtidos ao longo da época não foram de molde a criar no seio dos adeptos o optimismo expectável, ficando, em muitas circunstâncias, a sensação (para não dizer a certeza) de que a esta equipa faltava um verdadeiro estofo de campeã e que, em momentos clave, revelava colapsos psicológicos quer em termos colectivos. Por outro lado, quando factos e circunstâncias importantes faziam convergir as atenções para os nossos rivais, havia sempre alguém que arranjava maneira de ferir os interesses do próprio Sporting, descobrindo fantasmas e assombrações que mais ninguém descortinava com a consequente barreira de fogo contra tudo e contra todos. Desconhecendo os meandros do Clube, indicia-se, contudo, algum mal estar na cabina de Alvalade como agora ficou demonstrado no jogo contra o Atlético de Madrid através do cometimento de lapsos imperdoáveis por parte de jogadores com enorme experiência. A manter-se este statu quo, em vez de lutar pelos lugares cimeiros, ficaremos, com toda a probabilidade, confinados à Taça de Portugal e/ou à contingência de ter de defender o terceiro lugar da competição rainha, o qual, como é sabido não gera os milhões da Champions. Pouco, muito pouco para o que foi prometido. As palavras começam a faltar. A noção de responsabilidade ganha cada mais força."
Abrantes Mendes, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!