"1 - Os clubes de topo estão a adoptar uma flexibilidade táctica cada vez maior. Ao contrário de outros tempos, em que havia uma maior rigidez no posicionamento das equipas, os treinadores estão cada vez mais apostados, sempre que necessário, em mudar os sistemas durante os jogos, com vista a tirarem partido de uma vantagem competitiva. Isso obriga a procurar (e ensinar) jogadores que, de forma inteligente, consigam desempenhar mais do que uma função dentro de campo durante 90 minutos.
Nas equipas de Pep Guardiola há jogadores que num jogo chegam a alinhar em três posições diferentes. Para cada uma das missões, o jogador já sabe de antemão aquilo que terá de fazer e está preparado para executar esse desafio com a máxima eficiência, dando resposta a um trabalho de preparação que é feito nos treinos. Por exemplo, no Bayern, o técnico espanhol chegou a utilizar Phillip Lahm em posições distintas, como lateral-direito e esquerdo, trinco e médio-interior direito. Sempre com alto rendimento.
A título de exemplo, isto permite que, durante uma partida, uma equipa possa começar numa estrutura de 4x3x3 e mudar para 4x4x2 sem que tenha de fazer qualquer substituição. Pode mesmo posicionar-se de uma forma no momento ofensivo e apresentar outro sistema em processo defensivo. O futebol actual pede mais versatilidade e inteligência no jogo colectivo (e individual) como forma de surpreender as estratégias adversárias e encontrar espaços para poder chegar com perigo à baliza. E esta é uma abordagem que parece ter vindo para ficar.
Olhando para as principais equipas portuguesas, conseguimos verificar que Benfica, FC Porto, Sporting e Braga não prescindem dos seus 'canivetes suíços', jogadores capazes de alinhar em mais do que uma posição, como Zivkovic, Jonas, Marega, Herrera, Bruno Fernandes, Battaglia, Ricardo Esgaio e Marcelo Goiano, entre outros. São peças como estas que permitem aos treinadores criarem mutações num mesmo jogo, conseguindo manter (ou melhorar) a mesma bitola exibicional. É assim também que se encontram respostas para desbloquear uma partida que esteja a ser mais difícil.
Esta evolução que se está a verificar no futebol cria um desafio futuro aos treinadores da formação no sentido de desenvolverem os jovens futebolistas para a nova situação. Os atletas terão de ganhar experiência em várias posições, de modo a saberem lidar (ao nível técnico e anímico) com a mudança sempre que esta for necessária, aprendendo mais sobre o jogo e encontrando novas formas de actuar dentro das quatro linhas. Alguns clubes europeus começam a ter isso em consideração nos seus escalões de formação.
Esta forma de pensar aprofunda ainda mais o trabalho invisível dos treinadores, com o laboratório montado nos treinos de forma a potenciar tudo aquilo que os jogadores podem oferecer à equipa em determinados contextos e circunstâncias. Essa capacidade de 'ensinar' a estimular a polivalência e conhecimento dos elementos de um grupo de trabalho, criando um plantel mais profundo de alternativas, pode valer ouro no final de uma temporada.
2 - Sorte madrasta para Danilo Pereira. Acabado de regressar de problema muscular, o médio do FC Porto viu o infortúnio bater-lhe à porta com uma lesão ainda mais grave que o irá afastar dos últimos jogos da época e do Mundial. Uma má notícia para os dragões e para o seleccionador Fernando Santos, que certamente contava levar o jogador à Rússia. Resta agora esperar que Danilo recupere bem e que em breve possa voltar a jogar na plenitude das suas capacidades.
O Craque
O póquer de Edinho
Não é todos os dias que vemos um jogador apontar quatro golos numa partida, e o fenómeno é ainda mais raro se tiverem sido marcados em apenas 45 minutos. Edinho cometeu essa proeza na vitória do V. Setúbal na Vila das Aves por 4-1. O ponta-de-lança português tem ganho maior tempo de utilização nos últimos três meses, tendo apontado oito tentos neste período. E mostra mesmo confiança em conseguir convencer o seleccionador a levá-lo ao Mundial da Rússia. Não será fácil, dada a concorrência existente, mas se continuar de pé quente, quem sabe...
A Jogada
Momento genial
Num jogo de alto nível europeu e em casa da poderosa Juventus, Cristiano Ronaldo serviu aos adeptos do futebol mais um momento para perdurar na memória. Uma obra-prima do português, que já vinha tentando ensaiar um golo de bicicleta em jogos anteriores, mas que conseguiu naquele momento uma execução perfeita do ponto de vista técnico e físico. Colocou o pé numa altura onde os adversários não chegam com a cabeça e fez um golo fenomenal. Está numa forma tremenda e continua letal na competição onde é o maior de todos os goleadores: a Liga dos Campeões.
A Dúvida
Mundial sem árbitros portugueses
Entre os 36 árbitros e 63 assistentes que vão participar no Mundial'2018 não se encontra um único juiz português. Este é um tema que merece alguma reflexão sobre o actual estado da arbitragem nacional. Perceber se esta é uma situação pontual porque o actual quadro de árbitros (muitos deles com poucos anos de primeira categoria) ainda não tem a experiência internacional necessária ou se a questão está na menor qualidade do actual grupo de juízes. A falta de árbitros nacionais em grandes competições será transitória ou esta ausência poderá prolongar-se em provas futuras?"
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