"Se o Benfica - V. Guimarães era o jogo para definir o campeão, foi o jogo que mostrou que só o Benfica poderia ser campeão, campeão contra as dúvidas e as desconfianças, as insinuações e os alibis (e as tontices da Liga Salazar...) - o incontestável campeão, (Eu sei que há quem não ache - são aqueles para quem o futebol não se joga com uma bola nos pés que os empolga, joga-se com um coração nos olhos que os cega).
Mostrou mais, mostrou Rui Vitória numa tirada filosófica do Marcelo Bielsa:
- Nós, os treinadores, podemos cometer dois pecados: fazer andar os jogadores que voam ou fazer voar os jogadores que andam. E eu penso: se tiver de ir ara o inferno que seja pelo segundo.
Sim, Rui Vitória conseguiu (sem pecar) que os seus jogadores voassem (mesmo quando não parecia que andavam) - e fez mais ainda. Se, na vida, o melhor do ser humano ou o insucesso o ameaça, no futebol é diferente - no futebol, o melhor do jogador (ou do treinador) tem de aparecer quando o sucesso não pode ser abandonado ou o insucesso não pode ser uma ameaça. Foi o que o Benfica fez bem - graças ao grande treinador que tem.
Porque grande treinador é o que consegue que a sua equipa seja mais do que a soma aritmética de 11 jogadores à liça, 11 jogadores com a cabeça nos pés a levarem mais além as boas ideias do treinador - não para o jogar mais bonito, mas para ganhar mais. Grande treinador é o que consegue tocar os seus jogadores sem grinaldas de palavras hesitantes (ou enganadoras) - dando-lhe a coragem e a fé, o entusiasmo e a galvanização, que não os deixe de pés a desarrumarem-se, desconfiados de si próprios ou do seu destino (como os do FC Porto). Quando isso acontece, a estrela da equipa é a equipa, a sua estrela é o treinador. Razão por que, ao perguntarem-me quem foi o melhor jogador do tetra, a minha resposta se soltou sem um titubeio: o Rui Vitória!"
António Simões, in A Bola
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