"O campeonato está a terminar e agora é o momento de perceber a diferença entre a verdade per si e as verdades de circunstância. Ao longo da prova, o Sporting e o FC Porto criticaram duramente a arbitragem e a disciplina por favorecerem o Benfica, recém-consagrado tetracampeão. Havendo coerência, esse deveria ser o discurso aos derrotados depois de o Marquês se vestir de vermelho.
Mas não foi por aí que os leões caminharam. Após a derrota em casa frente ao Belenenses, o presidente Bruno de Carvalho soltou um sonoro e representativo «basta!», assumindo que na próxima época «tudo terá de ser diferente». Palavras duras com uma natureza profundamente autocrítica. Perante isto, Jorge Jesus não estaria neste momento muito seguro. Já os dragões têm mantido a mesma linha: que esta foi a Liga Salazar, e das cartilhas, de arbitragens altamente favoráveis às águias e com erros grosseiros contra os azuis e brancos. Posto isto, só poderia deduzir-se que Nuno Espírito Santo teria o lugar mais que garantido. Mas os sinais evidenciam o oposto: Jesus mais estável, NES mais tremido. O que nos leva à ideia inicial: só depois de assente a poeira dos resultados é que a racionalidade molda o pensamento dos dirigentes; a gritaria ao longo da época serve apenas para dar corpo ao ditado: quem não chora não mama. E alimentar a cegueira clubística.
Luís Filipe Vieira percebeu isso mais ou menos no final do seu segundo mandato na presidência do Benfica: em vez da crítica permanente ao FC Porto, virou-se para dentro e fez o que fazem as grandes empresas que querem crescer: aprender com os erros e tomar melhores decisões. Os seus rivais deviam fazer o mesmo, mas já vão com atraso: o Benfica está vários anos à frente da concorrência em áreas visíveis e invisíveis (o investimento em conhecimento, por exemplo). Não reconhecer esta realidade apenas serve para alimentar ódios estéreis."
Fernando Urbano, in A Bola
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