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quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

O Benfica da solidez acentua o bom momento


"Pela sétima vez nos útimos oito jogos, as águias venceram (1-0). Contra o Famalicão, a equipa de Mourinho foi consistente, permitiu pouco ao adversário e chegou ao triunfo num penálti de Pavlidis

Quando o Benfica-Famalicão entrou no tempo de descontos, alguns fantasmas terão vindo à cabeça de certos adeptos das águias. Encontro em casa, margem mínima no marcador, derradeiros minutos. O Rio Ave, o Santa Clara e o Casa Pia não foram assim há tanto tempo, pelo que as luzes de alerta estavam todas a piscar.
Ainda assim, o momento parece ser outro. Menos errático. Mais confortável a viver com margens curtas. De maior solidez defensiva. Só dois golos sofridos nos últimos oito compromissos.
Sem um coletivo recheado de desequilíbrio ou desequilibradores, é o Benfica da consistência. Da solidez. Que tem Barreiro ou Aursnes perto de Pavlidis, não tanto pelo que fazem com a bola, mas pelo que contribuem sem ela. Que não tem pudor em terminar com Enzo, Manu, Ríos e Aursnes em simultâneo em campo. Que pode permitir algumas posses prolongadas ao Famalicão, mas que praticamente não deu margem para que os minhotos tivessem verdadeiras oportunidades de golo.
Um penálti, 1-0, a boa sequência acentuada. Consistência, constância.
Hugo Oliveira apresentou-se na Luz com visual de treinador cotado, gola alta de empresário da indústria tech, postura ativa na linha lateral, gestos cuidadosamente pensados. José Mourinho aplicou a indumentária preferida, sobretudo e face concentrada, como se a mente estivesse frente a magicar um plano de vilão de James Bond. O Famalicão terá sentido que levar pontos seria possível, mas nunca abandonou o registo académico, quase burocrático, sem urgência ou engenho para o golo.
Podendo colar ao quarto lugar em caso de triunfo, o Famalicão entrou a querer pressionar, sendo agressivo e pró-ativo. Há bastante qualidade nos minhotos, mas a vestimenta trazida para Lisboa foi mais a evidenciada por Mathias de Amorim, outro talentoso, que ao intervalo já somava cinco faltas, apenas uma menos que toda a equipa encarnada.
Num primeiro tempo de poucas balizas, num jogo de poucas balizas, o Famalicão não conseguiu transformar o seu futebol de desenhos e desmultiplicações em oportunidades. Só em cima do intervalo, num remate de Van de Looi que foi desviado e quase traía Trubin, houve perigo visitante. Nos locais, Dahl e Sudakov testaram Carević antes do 1-0.
Na sequência de livre lateral, Otamendo ficou caído na área, queixando-se de falta de Van de Looi. Com as conversas e debates em torno de penáltis, VARS e minutos de análise na mente de todos, a decisão, após escrutinado o lance em vídeo, foi dar castigo máximo. Pavlidis transformou-o no 20.º festejo da época para o grego.
O Famalicão vai sendo uma espécie de fábrica de unicórnios da I Liga, de local onde se quer que o talento se desenvolva, cresça e dê dinheiro a ganhar. Não raras vezes, ao longo dos últimos anos, faltou estabilidade à intenção, mas Hugo Oliveira parece ter endireitado o rumo do projeto.
Na equipa capitaneada por Gustavo Sá, o Ballack de Famalicão, a nova coqueluche é Yassir Zabiri. Marroquino, 20 anos, craque do Mundial sub-20, quatro golos nas quatro rondas do campeonato antes da visita a Lisboa. No reencontro com Prestianni — defrontaram-se na final do campeonato do mundo jovem —, Zabiri esteve relativamente discreto, mas foi seu o disparo que forçou Trubin a parada mais exigente, aos 57'.
O último golo do Famalicão para o campeonato na Luz foi apontado por Dane, em 1991/92. Não foi na fria noite lisboeta que a longa série foi quebrada.
Até final, somente um par de arrancadas de Prestianni, no seu futebol ziguezaguente e incormado, deram alguma emoção à partida. José Mourinho agarrou o resultado com o estilo que deu a esta equipa, a este bloco. O Famalicão não transformou a fábrica de unicórnios em planos concretos. O jogo terminou sem sobressaltos, sereno, como se não estivesse 1-0. Com a marca da segurança deste Benfica."

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