"No regresso ao Benfica, Leste assumiu-se como a referência ofensiva
Muito dificilmente se consegue explicar o turbilhão de emoções que sentimos após a nossa equipa marcar um golo. Os festejos que se seguem têm uma sequência completamente aleatória, sem qualquer tipo de lógica. Deixamo-nos levar por coreografias nunca antes pensadas. Até pessoas que não se conhecem se abraçam. A partilha de emoção proporciona o gesto. A palavra golo é completamente deturpada. Ninguém grita simplesmente 'golo', os adeptos querem prolongar o momento o máximo de tempo que o ar que têm nos pulmões o permitia, pois o golo não se celebra, vive-se!
Desde muito cedo, José Leste tornou-se causador desse turbilhão de emoções. Extremamente talentoso, com apenas 14 anos, o hoquista já apontava golos pela equipa de honra da Juventude Salesiana. Rápido, tecnicista e com finalização apurada, realizou excelentes temporadas ao serviço do conjunto comandado pelo padre Miguel.
A sua prestação no Campeonato da Europa de Juniores despertou o interesse de clubes estrangeiros, transferindo-se para os italianos do Pordenone. Após uma época ao serviço da equipa transalpina, o avançando regressou a Portugal e ingressou no Benfica. Na primeira partida de águia ao peito, no jogo de apresentação dos benfiquistas, o avançado marcou três golos na vitória frente ao CA Campo de Ourique, sendo bastante elogiado pela imprensa: 'Apenas 19 anos e já tanto talento'. Apesar de nessa temporada ter participado no pleno nacional realizado pelo hóquei em patins encarnado, que conquistou o Torneio de Abertura, a Taça de Portugal e o Campeonato Nacional, a concorrência no ataque era intensa, sendo remetido para terceira escolha, atrás de Picas e Piruças. Assim, na temporada seguinte, regressou a Itália.
Mas Leste parecia destinada a brilhar de águia ao peito. Na temporada 1981/82, o jogador transferiu-se novamente para o Benfica. Iniciou a época como terceira escolha, mas não desistiu, aproveitando cada minuto no rinque para demonstrar os seus predicados. Ganhou um lugar no cinco ideal, e o coletivo beneficiou com isso: 'Como imagem geral, ficou-nos a ideia de que a equipa está a subir de rendimento, em especial no capítulo ofensivo, com Picas e Leste a entenderem-se às mil maravilhas'.
E se a qualidade de um avançado é muitas vezes associada ao numero de vezes que marca, para não criar dúvidas, Leste apontava golos atrás de golos. Com uma temporada estupenda, o avançado foi o melhor marcador do Campeonato Nacional, com 89 golos em 30 jornadas. A sua veia goleadora também beneficiou a seleção nacional, sendo determinante para que Portugal se sagrasse campeão do mundo, com Leste a ser o melhor marcador dos lusos, com 15 golos.
Saiba mais sobre o hóquei em patins do Clube na área 3 - Orgulho Eclético, do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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