"Pelo que se tem visto, ninguém diria que são meninos. Ostentam o título de campeões nacionais, vão na segunda temporada como titulares do Benfica, já jogaram na Champions, chegaram à seleção e irão, com toda a certeza, estar presentes no próximo Europeu. Metas que muitos profissionais de futebol não logram alcançar em anos e anos de carreira.
Mas são jovens, muito jovens. Um veio do Norte; outro, do Sul, como que a assinalar a representatividade geográfica do Clube. Em campo, são as principais bandeiras da mística do Benfica e da sua formação, como noutros tempos e foram Chalana, mais tarde Rui Costa e recentemente João Félix.
Chegaram ao Seixal com 11 anos. Crianças que gostavam de brincar com a bola como tantas outras. Cresceram na nossa casa. Ganharam a Youth League. Fizeram-se jogadores e homens.
O António aterrou na equipa principal num contexto bastante difícil: quase todos os Centrais do plantel estavam lesionados, e a responsabilidade caiu-lhe em cima. Foi lançado ás feras. Dominou as feras, chamassem-se elas Mbappé, Messi ou outro nome qualquer. Afirmou-se. É hoje um esteio da nossa defesa.
Depois apareceu o João. A equipa vinha de três derrotas consecutivas, e a descrença começava a tomar conta do universo benfiquista. Ele entrou de rompante no onze, com se lá tivesse estado a vida toda. Estabilizou a equipa no plano tático, e talvez até no plano emocional. Voltámos às vitórias e fomos campeões.
Agora é importante terem o conforto de saber que os familiares perdidos ainda os viram brilhar. E sentirem que em cada treino, em cada jogo, em cada momento das suas vidas, haverá sempre alguém a olhar por eles, a orgulhar-se do seu esforço e do seu trabalho.
Perdoem-me, mas esta crónica é inteiramente dedicada ao António Silva e do João Neves. Os nossos queridos meninos."
Luís Fialho, in O Benfica
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