Últimas indefectivações

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Dar a volta por cima com 'dignidade e desportivismo'


"Em 1939, o Benfica suspendeu o andebol. Arbitragem, violência e cansaço dos atletas foram as causas. Valeria a pena voltar?

Em 26 de Fevereiro de 1939, os 'encarnados' enfrentaram o Carcavelinhos FC na Tapadinha para a 8.ª jornada do Campeonato de Lisboa de andebol, disputado por onze equipas. O Benfica estava em 5.º lugar na tabela e o adversário era o lanterna-vermelha.
O jogo decorreu da pior maneira e foi anulado. Criticados 'pela excessiva dureza' ao longo da partida, três jogadores adversários acabaram expulsos. Com eles seguiu o benfiquista Carlos Vasques Filipe, que defendeu a sua equipa. Mesmo assim, a violência não refreou. O público invadiu o campo, obrigando o árbitro a pedir proteção PSP, dando o encontro por terminado a cinco minutos do final. O Benfica foi, no fim, elogiado pela sua dignidade e desportivismo.
As duas partidas não se realizaram por falta de comparência de alguns atletas. Alegando desentendimento entre atletas e Clube, a direcção de Júlio Ribeiro da Costa viu-se 'forçada, para prestigio do clube, a suspender' a secção em 10 de Março. O facto estranhou, pois, a equipa era uma boa referência no meio andebolístico, e afectou 'da maneira sensível a propaganda da handball'. Só na mesmo época, pelo menos o GD 'Os Treze' e o Carcavelinhos FC desistiram da prática do andebol. No ano seguinte, tentou-se retomar a actividade no Benfica, sem sucesso.
O cansaço dos jogadores foi uma das razões para a interrupção, pois praticavam mais que uma modalidade, jogando várias vezes por semana. A arbitragem era vista como deficiente para uma modalidade recente em Portugal. Mas pior que tudo era o público: desinteressado e violência. Tudo isto resultou na desistência por parte dos atletas pelo andebol.
Só em 14 de Fevereiro de 1943 o Benfica regressaria ao andebol, com uma única categoria a título experimental, num campeonato com seis equipas inscritas. A arbitragem, com 'falta de personalidade e subserviência condenável às exigências do público', continuava 'demasiado tolerante', tirando 'todo o brilho' à modalidade. Um árbitro acabou mesmo por ser violentamente agredido no campo do Marvilense FC.
Apesar do fraco resultado do Benfica nesse ano, a secção estava de volta depois de algum tempo de insistência e com jogadores exclusivos na sua prática. A modalidade desenvolveu-se nos anos seguintes. Em 1946 já se notava, 'com satisfação', o progresso da modalidade porque a categoria de juniores, com um ano de existência, foi campeã de Lisboa.
Seis anos depois, foi a vez dos jogadores de honra se sagraram campeões regionais, o que parece sugerir que a interrupção que a modalidade sofreu não foi negativa, pelo contrário, serviu para tomar balanço e avançar rumo à glória.
Pode saber mais sobre o mundo andebolístico do Benfica na área 3 - Orgulho Eclético do Museu Benfica - Cosme Damião."

Pedro S. Amorim, in O Benfica

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!