"O racismo é um fenómeno global indesmentível que mina os pilares das democracias e dos Estados de direito que professam a utopia humanista da igualdade da condição humana entre os diferentes. Esta visão de paz e justiça social não é apenas ética ou política, ela radica bem fundo nas principais religiões que pintam as diferentes culturas e latitudes. A erradicação do racismo é seguramente um dos imperativos da humanidade mais difíceis de concretizar porque o racismo nasce do jogo elementar da identidade e da diferença, e ganha força e aceitação social no jogo, sempre presente no devir da História, entre maiorias e minorias, dominantes e dominados. É como é e parece um fatalismo, mas a História das Civilizações demonstra bem que não existem impossíveis e que se é possível retroceder socialmente em momentos de grandes crises e convulsões na ordem mundial, como bem sabemos e assistimos, também ocorreram grandes avanços e mudanças sociais que ultrapassam sonhos e utopias de povo de outrora. A condição humana nos países desenvolvidos do mundo de hoje mostra isso mesmo quando se comparam esses países com as regiões mais deprimidas do planeta actual, ou consigo próprios séculos atrás. Os direitos humanos não são inatingíveis, mas urgentes e necessários.
A mudança demográfica e climática, combinadas nos seus efeitos nefastos, tornam incontornável, urgente e indispensável que as sociedades humanas os organizem de forma sustentável, não apenas ambiental, mas também socialmente. Isso é hoje uma verdade cada vez mais universalmente aceite, e as novas gerações não deixam que as gerações do poder ignorem este facto. É assim por toda a parte, e num futuro não muito distante e generalização e a massificação de migrações com escala continental, como a que temos já hoje às portas da Europa, terão efeitos de miscigenação tão impactantes e abrangentes, que misturarão ainda mais o caleidoscópio de culturas e cores de pele por todo o planeta. A educação e o acesso à informação oferecem pontes para esbater as diferenças no futuro em benefícios de todos, mas não chegam por si só. É preciso actuar desde já a garantir que os espaços e símbolos de pertença capazes de unir milhões se ocupam de sarar feridas e construir futuro. Entre eles, nesse jogo de gigantes onde se aposta o futuro da humanidade, também o grande jogo das paixões, que une culturas e ergue heróis sem olhar à cor da pele, esse desporto omnipresente que é o futebol, pode e deve assumir um papel fundamental na união dos povos. No campo e na vida, todos somos iguais, e o Benfica sabe bem que assim é, por isso está na linha da frente para mostrar cartão vermelho ao racismo."
Jorge Miranda, in O Benfica
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