"Sexta-feira, a Itália, não jogando grande coisa, empatou com a Polónia (1-1), na 1ª jornada da Liga das Nações. No final do jogo, Jorginho - o homem que marcou o penálti que deu o empate, aos 78 minutos - foi à flash interview, onde, em Itália, há ligação directa com os convidados em estúdio. Ora, no estúdio da televisão italiana RAI estava Marco Tardelli, ex-jogador e treinador italiano, e o diálogo que se seguiu foi mais ou menos o seguinte:
- Jorginho, não jogaste bem, não foste o jogador que eras em Nápoles ou em Manchester.
- Mas eu agora jogo no Chelsea.
- Ah, desculpa, Serginho, também é culpa dos teus colegas.
- Mas estou a falar com quem?
Silêncio constrangedor.
Aos 26 anos, é no Chelsea que o italo-brasileiro Jorginho está finalmente a granjear o reconhecimento que merece, depois de épocas fabulosas em Nápoles ao serviço de Maurizio Sarri. O problema é que, hoje em dia, no futebol moderno, vê-se pouco futebol e muitos resumos, e os resumos, vulgo highlights, nem sempre mostram a importância dos que não marcam golos. É, por isso, de certo modo, normal que se conheça pouco Jorginho, tal como como já é, de certa forma, normal ir para a televisão perorar sentenças sobre futebol sem perceber muito do mesmo.
É impossível que o Jorginho de Itália seja o mesmo de Nápoles ou do Chelsea (tal como Messi nunca poderá ser o mesmo no clube e na selecção, por lhe faltar o associativismo): tanto o Nápoles como o Chelsea de Sarri são verdadeiras equipas no sentido colectivo do termo - todos sabem onde e quando devem estar aqui e ali, com bola ou sem bola, todos sabem onde estarão todos, todos sabem tudo. Para chegar a um nível tão colectivo de funcionamento, é necessária uma equipa técnica com muito conhecimento, além, obviamente, de jogadores de altíssima qualidade, não só tecnicamente mas cognitivamente. Não quer dizer que isso também não seja possível numa selecção, mas, pelo tempo reduzido de treino, é mais difícil que tal aconteça - é por isso que as selecções vivem mais das acções individuais dos jogadores do que propriamente do entendimento colectivo. Tal como algumas equipas.
O maior problema é que nem todos os adeptos/comentadores/ex-jogadores/etc têm capacidade para percebê-lo.
Logo à noite há Portugal-Itália e, mesmo sendo este um outro Jorginho, vale a pena ver este Jorginho."
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