"Numa qualquer sociedade democrática evoluída, em pleno século XXI, mais grave do que a profanação e, mesmo, o roubo do correio e dos arquivos de dados, recursos e matérias que compõem a estrutura identitária e a dinâmica de actividade de anos e anos de uma pessoa ou de muitas juntas numa instituição, seria, depois, facultar tudo isso ao olhar de terceiros. Ter empreendido e executado os dois gravíssimos crimes de modo ponderado e deliberado, sem respeitar qualquer recato ou o mais leve registo de comedimento e, bem pelo contrário, ter escolhido a via da mais rematada transmissão pública e massiva, através de diversos meios de comunicação, ainda seria pior.
Mais do que isso, pareceria impensável que a cegueira e o desespero clubista, ou fosse lá o que fosse, tivessem levado entidades e gente já com algum presumível nível de representação e, até, de responsabilidade social a arriscar não apenas na ilícita exposição pública de tantas quantidades de produto roubado e mais, a executar deliberadamente um roteiro calendarizado e programado de publicação sistemática desse 'material', ao longo de semanas e de meses.
Desde cedo observadores independentes assinalavam que - perante a insurgência do Benfica - os autores da bravata só persistiriam no seu criminoso guião se estivessem mergulhados numa irresponsabilidade patológica, ou se tivessem pressentido que alguma impunidade lhes haveria de chegar, como aconteceu, oferecida por um tal Cabanelas - juiz apaniguado gabando-se da devoção à 'causa' deles, que não hesitaria fazer tábua rasa de uma justa aplicação da Lei portuguesa, nem do bom senso, para ditar para os autos da pobre 'justiça-à-moda-do-Bolhão', a mais absurda das negas...
Mais grave, porém, é que, para além da criminosa exposição dos gigabytes de correspondências e arquivos privados que haviam sido roubados, os desonestos funcionários do Futebol Porto se permitissem manipulá-los a seu bel-prazer, sem ética nem pudor. Era vê-los, semana a semana, como bácoros de riso alarve, a chafurdar cascas na pocilga, muito convencidos de que defecariam rosas, enquanto estabeleciam os seus juízos apriorísticos; ''sentenças' bufas, ao arrepio de qualquer princípio do contraditório, exclusivamente ditadas por preconceitos e pressupostos que não reflectiam senão as suas práticas tradicionais e os scripts que haviam experimentado largamente ao longo de trinta anos de estórias sórdidas que ilicitamente lhes tinham garantido uma 'hegemonia' desportiva, afinal 'comprada em supermercado'.
O recente acórdão, unânime, dos três juízes da Relação do Porto, para já, veio restabelecer Justiça onde, acima dela, chegara a imperar a parcialidade clubística de um isolado julgador de turno: a infâmia dos chicos-espertos, impunemente tolerada durante demasiado tempo, foi imediatamente suspensa. E, se de facto o mundo não estiver ao contrário, depois de ouvir o Presidente Luís Filipe Vieira em Braga, mais confiadamente acredito que está a chegar a hora em que 'volta à terra o que é da terra e volta ao ar o que é do ar'."
José Nuno Martins, in A Bola
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