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- Gostou de ver a capa de A BOLA do tricampeonato uma época depois de ter afirmado que gostaria de oferecer o título aos benfiquistas?
- Gostei muito. Falamos tantas vezes que nem nos lembramos, concretamente, de algumas frases. Aquelas duas capas retratam o início e o final. Foi um final feliz, um início prometedor, embora não goste de prometer coisas que não estão totalmente nas nossas mãos. Lembro-me de que no discurso de apresentação prometi trabalho e dedicação de corpo e alma ao Benfica. É evidente que era o objectivo que queríamos e que concretizámos. Foi um final feliz, perfeito.
- Já pensou onde vai colocar os quadros?
- Por acaso não sou muito de recordações. Ultimamente tenho a preocupação de guardar uma coisa ou outra porque começaram a ter um significado especial. Mas não sou de ter uma zona para isso.
- Mas não tem um cantinho em casa só para as suas memórias?
- Sou um bocado desligado dessas coisas. Tenho, de facto, agora, alguns pormenores que retratam momentos importantes da minha vida. Como as coisas têm acontecido de forma tão rápida - e tanta aconteceu ao longo da minha carreira - acabam por ir perdendo significado. Atrás de uma coisa vem outra, atrás de uma vem outra. Não tenho aquele sítio para mostrar às pessoas.
- Tem de negociar com a sua mulher.
- Não. É uma filosofia de vida. A vida do futebol é ganhar, perder, procurar outra vitória. Ganhar uma medalha e procurar outra. Se há uma bola da Liga Europa, vamos à procura da bola da Liga dos Campeões. Se há a bola da fase de grupos da Liga dos Campeões, vamos à procura da bola da final. É esta a perspectiva. Como isto é tão corrido, passa rápido por mim.
- E dos objectos de que falou qual é aquele por que tem mais carinho?
- Não há assim nenhum especial. Fui campeão nacional da III Divisão como jogador, fui campeão nacional da II Divisão como treinador, fui a uma final da Taça da Liga e fomos lá buscá-la a Coimbra, ganhei uma Taça de Portugal, que foi um marco importantíssimo, e agora o título de campeão nacional. Cada momento teve um significado especial. É evidente que ser campeão pelo Benfica marca qualquer treinador. Mas a satisfação que tive quando fui campeão como jogador... A felicidade é relativa. É evidente que ganhar a Taça de Portugal e o título de campeão nacional são pontos muito importantes da nossa vida.
- Lembra-se da frase que estava em frente ao microfone no púlpito em que falou durante a apresentação?
- Lembro.
- Qual era?
- Um passado de glória, um futuro de vitória.
- Foi premonitório?
- Achei curioso. Se bem que o meu nome vai dando para fazer alguns trocadilhos. Não tinha dado a devida importância antes de chegar lá, mas aquela frase ficou-me e enraizei-la. O Benfica é isso permanentemente, com Rui Vitória ou outro treinador. Mas gostei. Sinceramente, gostei. Vamos ver se consigo fazer jus a essa frase.
- Disse, na altura, que daria a vida pelo Benfica se fosse preciso. Não foi preciso. O que deu nos últimos meses?
- Não, eu dei a vida. Dar a vida é entregarmo-nos de alma e coração a algo que estamos intimamente ligados. E quando digo dei a vida quero dizer que tudo passa para primeiro plano. O Benfica passa para primeiro plano. Digo isto muitas vezes: temos a nossa família, que é importante, mas há um momento em que o jogo é o mais importante da nossa vida, o futebol passa a ser o mais importante na vida. Felizmente, consigo dividir isso muito bem. Tenho o meu coração e cabeça divididos em várias áreas o que me permite estar enquadrado nas coisas de uma forma clara. Mas dar a vida é isso. Dei a vida e tudo aquilo que tinha pelo Benfica. Mas não dei com qualquer sacrifício. Dei como o maior prazer porque é a minha forma de estar na vida.
- Qual o sabor de ser campeão nacional?
- É uma grande satisfação, um prazer sem explicação, é a noção de dever cumprido e de estar bem com a vida. Resumindo é isto.
- O que muda?
- Em relação a mim nada de significativo vai mudar porque sou uma pessoa muito tranquila e estável por natureza. A minha vida é feita deste tipo de coisas: se ganharmos, temos mais sucesso para alcançar, e se as coisas não correrem tão bem só temos um caminho que é ir à luta, à procura de uma nova vitória. É algo que marca, naturalmente, porque é o primeiro título nacional, mas na minha personalidade e forma de estar jamais me poderá mudar.
- Depois do jogo com o Nacional estava a olhar para o céu. Era para quem?
- Em determinados momentos, e sobretudo nestes mais fortes, olho para o céu porque os meus pais estão sempre presentes na minha vida e ali é um momento de comunhão. São momentos inexplicáveis. Tenho uma fotografia na final da Taça que é uma fotografia da minha vida, no que diz respeito à relação com os meus pais, uma fotografia muito feliz, porque há momentos da minha vida em que algo nos faz cruzar. Depois do jogo com o Nacional foi exactamente isso.
- Qual é a sua impressão digital na equipa do Benfica?
- Foi um ano sui generis, de mudança. O que se pode vincar mais em relação a mim é a gestão dos recursos humanos, dos momentos que a equipa passou, da minha forma de estar em função do contexto que me rodeava. O meu papel foi muito relacionado com gestão. É evidente que - é algo que quero deixar bem vincado - este titulo não foi conquistado só porque demos as mãos e fizemos umas correntes e agora ganhámos. Houve muito trabalho de muita gente e tenho a certeza de que, neste momento, muita gente quer levar este título para esse caminho da coesão, da solidariedade, da união. Mas, oiçam, há um trabalho de campo e de treino apuradíssimo dos jogadores e da minha equipa técnica e que foi determinante.
- Podemos falar disso. O que mudou, realmente, no jogo da equipa? Não se pode ignorar que Jesus disse que estava lá tudo dele e que só o cérebro tinha saído. O que introduziu no jogo da equipa?
- Quando penso as coisas, penso-as para mim, para nós, e jogo e quero ganhar pelo Benfica, nunca com o que quer que seja de outras abordagens, no caso concreto do treinador que cá estava. Tivemos a percepção do que havia e a nossa visão de jogo. E vamos ver. Isto consegue-se de uma forma brusca ou lenta? Há coisas que têm de ser feitas de uma forma mais pausada para serem consistentes. O nosso grande trunfo foi esse. Isto existe em todas as equipas. Quando sai um treinador ficam lá coisas, como aconteceu no V. Guimarães, no qual estive lá quatro anos. São hábitos. É como nas empresas quando lidamos com chefe de determinadas características: há metodologias de trabalho que estão implementadas. Estas mudanças têm de ser bem pensadas. Era importante ter-se algum tempo para se modificar gradualmente. É evidente que com os jogadores que mantivemos havia que aproveitar e dar o nosso cunho. Qual foi a perspectiva de formação da equipa? Foi ser uma equipa muito consistente, segura do que estava a fazer, que sentisse que estava preparada para os diferentes contextos. E conseguimos fazer isso muito bem. Fomos uma equipa que tinha um modelo de jogo definido por mim e pela minha equipa técnica e que, depois, teve versatilidade. Mas não é a versatilidade de nos adaptarmos aos adversários, foi perceber que um jogo da Liga dos Campeões é completamente diferente do campeonato nacional. E os jogos do campeonato também são diferentes. A equipa tinha de ter uma consistência que soubesse estar em campo nestas diversas situações. Conseguimos isso, que a equipa fosse segura, não direi mais cautelosa mas que soubesse que as oportunidades iriam aparecer, que fosse sempre solidária, que soubesse o que estava a fazer do ponto de vista da organização e que, depois, o colectivo faria com que as individualidades aparecessem. Fomos conseguindo ao longo do tempo. Poderia não ter acontecido porque, de facto, foi um início conturbado, mas fomos conseguindo lentamente. Há uma frase do Eliseu que ilustra bem como acabámos: Se viessem mais dez jogos, ganhávamos os dez. A equipa estava preparada e sabia o que fazer com tudo o que encontrasse.
- Falando de futebol mais puro e duro. Como é que vê este Benfica?
- Este Benfica foi criado com uma preocupação de ter uma maior circulação de bola, mesmo que para isso tivéssemos de pausar mais o jogo, porque fazendo-o também tínhamos mais formas de alternar o ritmo do jogo. O facto de tirarmos alguma velocidade na forma como atacávamos também permitira que houve mais alternância. Depois também queríamos uma equipa versátil a atacar. Estive do outro lado e sei como pensam os treinadores do outro lado. E o que é? O mais confortável para quem está a analisar o jogo é detectar um ou dois aspectos bons do adversário. E tentámos ser o mais versáteis possível. Como? Entrando pelas faixas, ser fortes e entrar por dentro, ter chegadas na área com mais gente na zona central do campo, estar muito preparados para a perda de bola, assentar bem o jogo retirar a profundidade que as equipas que jogam contra nós procuram, ou seja, as bolas nas costas.
- Guardiola falou da profundidade.
- Se fizermos uma análise táctica deste pormenor do ponto de vista defensivo tivemos jogos de enorme qualidade. É evidente que nem tudo é perfeito. A equipa assentava nisso. Ter versatilidade no ataque para criar muita imprevisibilidade aos adversários. Reparem - de repente o adversário tem de preocupar-se com o Gaitán, depois o Mitroglou começa a fazr golos, mas por trás do Mitrolgou está o Jonas que nunca se sabe onde vai aparecer, o Pizzi tem um jogo que está na ala direita e de repente está quase a médio centro. E ainda vinha o Renato. E depois um lateral que vai por fora e arranca cruzamentos. A equipa fica uma gama de recursos ofensivos. A eficácia ofensiva é exactamente por isto. Se não era por dentro era por fora. Alguns dessas situações tinha de dar golo. As coisas acontecem de forma natural porque criámos esta versatilidade toda.
- Falou do mau início. Como explica esse mau começo?
- É perfeitamente natural que a mudança traga algum travão depois de haver rotinas de trabalho com um treinador e outras pessoas. As pessoas ficam: Mas dá, não dá, mas é isto, não é? Sabíamos isso. Agora é fácil dizer que foi o digressão.
- Foi a digressão?
- Foi um motivo que ajudou a alguma dificuldade ou ao retardar de uma assimilação que queríamos mais rápida. Mas isto é facilmente explicado. Uma equipa como a nossa, que joga a Liga dos Campeões, não tem quase tempo para se treinar quando entra no processo competitivo. O período pré-competitivo é bom par aos treinadores implementarem as ideias. Lembro-me que no primeiro mês, salvo erro, alterei 12 a 16 dias que tínhamos planeado porque a viagem retardou, porque a relva estava encharcada, porque estava demasiado calor. E isto é tudo o que queríamos que não acontecesse. Houve uma série de coisas que dificultaram esta implementação.
- Como lidou com os protestos à equipa depois do empate com o União da Madeira, e com a entrada dos adeptos pelo centro de estágio no Seixal?
- Com a maior naturalidade porque se há coisa que faço é antecipar cenários. Faço-o em todos os aspectos da minha vida. A pior coisa que um treinador pode pensar é estar num sofá a ver um jogo, depois vai treinar aquela equipa a pensar que chega lá e vai fazer tudo o que idealizou. E que vai tudo correr como pensou. A vida de treinador não é isso. É passar muitas vezes por dificuldades. E é passando pelas dificuldades que os treinadores crescem muito. Sabíamos que iríamos ter momentos mais difíceis e entendi isso sempre com muita naturalidade. O Benfica é um clube ganhador, no qual estava enraizado esta (cultura de) vitória nos últimos anos. E a minha equipa entrava para este centro de estágio e era um mundo à parte. Trabalhámos para nós, para sermos melhores e superar-nos. O mundo de fora pouco ou nada tinha de influência no nosso dia a dia. Só tinha de manter-me fiel aos meus princípios e não abanar. A pior coisa que os passageiros de avião podem ver quando há turbulência é o comandante com medo. Segui o meu caminho acreditando no trabalho, no valor dos jogadores e acreditando que as coisas iriam bater certo. E bateram.
- Falando em antecipar cenários, antecipou a possibilidade de poder ser despedido?
- Nunca é coisa em que pense.
- Nunca foi despedido.
- Não, nunca fui. Também não estou preocupado em bater recordes desses. Nunca penso as coisas dessa forma. É sempre o próximo jogo, o próximo treino, a próxima competição. Se calhar fui penalizado por isso nalgum momento porque não pensei mais a longo prazo. Acho que não. A minha preocupação é jogo a jogo e, depois, de houver algum resultado menos positivo é pensar como vamos resolver as situações. Havemos de tratar do assunto. E depois, isso tenho de dizer-vos, houve sempre grande sintonia desde o primeiro dia entre mim e o presidente. Não foi preciso falarmos muito. Dou um exemplo: escrever um documento para o projecto do Benfica. Tenho esse documento elaborado, mas não é preciso ter escrito para o presidente porque a sintonia foi tão natural que as coisas funcionaram. Sabíamos que andávamos lado a lado nesta luta. Não fomos só os dois os obreiros disto, mas, naturalmente, fomos duas partes importantes deste processo e deste projecto. Essa sintonia e essa ligação davam-me a tranquilidade para trabalharmos de uma forma tranquila.
- Houve algum momento em que tenham sentido que deram a volta? Alguns jogadores falaram na vitória sobre o SC Braga, no Minho. Aquela célebre conferência de Imprensa em que bateu várias vezes com a mão na mesa teve algum efeito positivo?
- Gosto pouco de fazer um corte porque os grupos não nascem por livre e espontânea vontade.Os grupos formam-se e crescem. E o nosso grupo e a nossa equipa foram crescendo, desenvolvendo-se, conhecendo-se, entrelaçando-se. Dizer que este ou aquele momento foi chave é redutor para o que foi feito. Depois do empate com o União da Madeira toda a gente dizia que ninguém recuperava sete pontos. Fui o primeiro a dizer: calma, as coisas não são assim. Lembro-me que tínhamos um almoço desagradável, mas fizemos esse almoço olhos nos olhos, uns com os outros, não com a alegria que queríamos, mas sentimos que estávamos ali uns para os outros. São coisas nossas, que nos ajudam e que não são o que as pessoas gostam de ouvir. Houve vários aspectos que ajudaram. Este grupo foi sendo moldado e construindo desde o início. Depois há, de facto, a viragem que me parece ser um momento importante: a vitória em Alvalade. Passámos para a frente. Sabíamos que aquele jogo era para ganhar fosse de que maneira fosse. Todos enraizámos isso. E ao passar para a frente foi um momento importante. 'Bem, afinal estávamos tão longe a já demos a volta. E agora vamos com tudo'.
- A entrada de Renato Sanches estabiliza a equipa. Quando percebeu que ele poderia ter esse efeito na equipa? Como foi preparado para entrar e estar pronto para responder ao que precisava dele?
- Em primeiro lugar, é bom que se diga que o Renato é fruto do trabalho de muita gente. Mas também estou a ver mais pais de criança do que aquilo que devia haver. É fruto do trabalho de muita gente, de quem o ajudou muito a ser o que é. A entrada do Renato surge numa altura em que nós precisávamos de um médio de ligação como gosto nas minhas equipas. E esse médio tem de ter determinadas características. Falava-se em Janeiro do que poderíamos ir ao mercado. Mas quando pensei no jogador com as características que queira... o jogador estava ali. E noutros clubes tirei sempre a capa dos jogadores. Quer dizer: quero lá saber se ele tem 18 ou 19 anos, se veio do Benfica de Castelo Branco ou do Barcelona. Não olhei para isso, para as características de que a minha equipa necessitava naquele momento. E estavam ali. Claro que ainda não estavam na plenitude. Qual era o caminho? Não era passar o Renato directamente da equipa B para a A porque já o conheço há muito tempo e estava a trabalhar na equipa B. Arranjámos um espaço para integrar o trabalho e a partir desse momento passou a ser um dos nossos. Do ponto de vista grupal, também é ser aceite pelos mais velhos e os menos velhos. Também tinha a convicção de que entrando no trabalho diário iria ser reconhecido pela qualidade. O Renato encaixava no que precisávamos. A grande estratégia era saber como se integraria na equipa, como é que aparece um corpo estranho, um miúdo de 18 anos ainda júnior se iria integrar na equipa. Quinze dias de trabalho em que houve lesões e em que houve a possibilidade e 'Bem, é agora a altura de chamar o Renato'. Foi pô-lo a trabalhar. Normalmente, com estes jogadores a reacção é logo extraordinária. Porque é um salto motivacional enorme. E então se se sentirem à vontade com os colegas começam a mandar tudo cá para fora. Foi isso que aconteceu. Depois, ao ter esta filosofia... 'Se ele está em condições, vai lá para dentro'. Começou a fazer o que queria, encaixava nas minhas ideias de jogo, foi lá para dentro. E a partir daí não saiu mais e teve um desempenho fantástico.
- Contava que Renato Sanches tivesse uma influência tão grande?
- Contava. As características do Renato encaixavam no resto do puzzle. Se o Renato tivesse à volta dele, nomeadamente na posição 6, um médio de outras características se calhar iriam ver-se algumas lacunas que o Renato poderia ter. Mas ele encaixava naquilo que a equipa precisava. Ele sobressai porque atrás e ao lado havia quem potenciasse as características dele e limitasse as eventuais lacunas. Renato foi fruto do trabalho dos outros.
- Também ganhou o Fejsa.
- Quem diz o Fejsa diz o Samaris. O Fejsa é um jogador com características que favoreceram muito o Renato e nada melhor para um jogador que transporta a bola haver outros na frente que querem a bola. De repente tem duas, três linhas de passe fáceis para dar. Um jogador atrás que dá uma protecção boa, ligação para a frente e linhas de passe abertas... era o melhor que poderia acontecer ao Renato.
- Ele é aquele rapaz extrovertido que todos viram no Marquês?
- Mais do que extrovertido é olharmos para aquele rapaz de 18 anos e dizermos: 'Como é possível um rapaz de 18 anos ter um à-vontade e confiança tal para agarrar no microfone e estar daquela forma no Marquês?' Isso reflecte claramente aquilo que o levou a ser titular na equipa principal. Foi: 'Eu quero lá saber se vou jogar com o Hulk, ou com o Vidal. O meu treinador pôs-me aqui dentro e eu vou jogar'. É essa a forma de estar, essa confiança... Nem toda a gente chega ali e pega no microfone com aquela alegria. O à-vontade e predisposição forma os mesmos que teve a jogar.
- E como lidou Renato com as acusações de que não tinha 18 anos?
- Houve muita protecção dos colegas e da organização do Benfica. E o Renato é um miúdo que está bem com a vida, que leva as coisas desta forma. Ele quer lá saber o que dizem dele. Quando lhe digo quero que sejas o selvagem que és sempre é dizer-lhe sê igual a ti próprio, 'o teu caminho vai ser naturalmente modelado', não tenho de ser eu em seis meses a fazer tudo, há de haver outros treinadores que o terão de limar. É um miúdo da rua, vivido, que está no Benfica há muito tempo, que lidou com muitos miúdos e jovens de diferentes meios sociais e que está perfeitamente integrado. É um miúdo do mundo. Aquilo para ele foi visto com muita naturalidade. Mas, atenção, foi excessivo, em determinados momentos mal intencionado e não se deveria fazer a um miúdo de 18 anos.
- Se fosse treinador do Bayern pedia ao clube para pagar tantos milhões por ele?
- Pedia. Não foi (transferido) por aquilo que jogou. Vivemos num mundo da expectativa e um bocado de especulação. Não é só aquilo que vale, é também o que pode valer. É também a escola do Benfica, que está muito conceituada internacionalmente. E olhar para as características dele é perceber que é um jogador que não se vê muito. O jogador-típico do futebol português é, de certa forma, formatado: recepções bem feitas, passes bem feitos, muita segurança no jogo naquelas posições, mas com menos risco e irreverência. E o Renato tem tudo aquilo. Mais do que aquilo ele joga é aquilo que ele representa. Representa irreverência, rebeldia, aventura. Além da enorme qualidade, há o aspecto comercial. Também temos de olhar para um jogador com esta face. Dá nas vistas. A vida é mesmo assim. Não me choca nada. O Renato até ao topo da carreira, aos 27/28 anos, tem dez anos. Em dez anos, estes 35/60 milhões vão estar pagos.
- Temos de falar no Ederson e do Lindelof que foram outras surpresas pela positiva. Qual é o limite deles?
- Estamos agora a ver esses jogadores que entraram há três/quatro meses, como o Nélson Semedo e o Gonçalo Guedes jogaram nos primeiros três/quatro meses. Ficámos com esses na retina porque foram os últimos.
- E porque jogaram muito bem.
- O Nélson tem uma entrada fantástica até à lesão. O Gonçalo entrou muito bem. Muitas vezes os jovens têm oscilações de rendimento por vários aspectos. São jogadores que têm valor e é uma questão de oportunidade e de lhes darmos a confiança necessária para se sentiram confortáveis. Ninguém vai dar lugares a jogadores pernas de pau. Não é isso. Quando há um conjunto de pré-requisitos, às vezes um jogador só precisa de oportunidade, de um momento e de um espaço. E depois dar-lhe oportunidade para ele se explanar, para se sentir como se estivesse a fazer a coisa mais fácil do mundo. Fomos fazendo isso com esses jogadores e as coisas funcionaram bem.
- Insistimos. Pode falar mais em particular de Ederson e de Lindelof?
- Ederson evidenciou nesta fase características de grande qualidade. É inegável. Um guarda-redes de 22 anos com aquele desempenho... O Benfica está colocado numa situação em que é muito apetecível para outros mercados. É normal chegar aqui alguém, olhar para o Ederson e dizer: '22 anos e a jogar desta maneira vale a pena o investimento'. Acredito que haja quem faça. Como acredito que haja quem faça com outros, principalmente os mais jovens. Porque há potencial para ser trabalhado e rentabilizado.
- Porque manteve Lindelof no 11 depois da recuperação de Luisão?
- Acima de tudo procuramos ser coerentes. O Victor estava a ter desempenhos fantásticos, sempre com regularidade enorme, estabilidade e tudo se tornava mais fácil para manter, estando a equipa a render. Aquilo estava, de facto, a funcionar muito bem. Porque haveríamos de mudar? Noutros momentos até poderemos ser injustos. Esta questão da justiça é relativa. Ali havia qualidade e foi este entendimento da coerência. Quando jogava havia uma coisa que gostava que os meus treinadores fossem: coerentes com o que dizem e fazem. É o que tento ser com os meus.
- Benfica foi a equipa que praticou o melhor futebol?
- Houve fases. Às vezes as últimas imagens são as que ficam. Lá está: Ederson e Victor foram as últimas que ficaram. Nélson Semedo foi o lateral que tinha este mundo e outro atrás dele no início. São fases. Tivemos períodos muitos bons. Houve uma coisa em que fomos muito fortes e digo isto com muita alegria e convicção: perceber que tipo de competição tínhamos pela frente e como tínhamos de jogar em determinados jogos. Esta ligeira nuance, sem mudar a identidade, é determinante nas equipas de topo. Não é fácil vir de Munique e os jogadores mudarem o chip em três dias para jogar contra o V. Setúbal, Académica ou quem quer que seja. Não é desprimor por estes clubes. Isto, objectivamente, é difícil para as equipas deste nível. Noutros países isso não acontece, mas em Portugal temos diferentes campeonatos. Então nós temos mesmo diferentes campeonatos: Liga dos Campeões, um campeonato entre Benfica, Sporting, FC Porto, SC Braga ou V. Guimarães, um campeonato com as outras equipas, e temos de olhar para estas diferenças com a maior naturalidade. Em Espanha, o Atlético Madrid sai de um jogo com o Bayern e a seguir jogar em casa do Valência e está toda a gente mobilizada. Muitas vezes o mais difícil é esta alternância. Daí que as nossas vitórias tenham sido com essa regularidade. Nisso fomos fantásticos. Os nossos jogadores: 'O quê? Isto o quê? Liga dos Campeões. O que é que está identificado?' Até porque fomos uma equipa na Liga dos Campeões e outra em determinados jogos do Campeonato, soubemos alternar isso. Aí fomos muito fortes. Agora, houve períodos que não jogámos muito bem. Mas ninguém faz 88 pontos, nem 29 vitórias se não tiver alguma coisa boa. Houve períodos muito bons, outros nem tanto. O Barcelona é a melhor equipa do mundo e, de repente, perdeu dez pontos de uma assentada. A vida é mesmo assim.
- Na Câmara Municipal de Lisboa, Luís Filipe Vieira disse que Rui Vitória é um homem de carácter, um grande condutor de homens e deu provas de competência. A mãe de Renato Sanches agradeceu-lhe a confiança que teve no filho dela, nas celebrações do título, ainda no relvado. Como é ouvir este elogios?
- É gratificante, obviamente, mas também é visto como muita naturalidade. O futebol é mesmo assim.
- Não acreditamos que não se emocione.
- Não é isso. É evidente que fico contente, interiormente. Não sou de grande expressividade. O futebol é assim: muitos que me bateram palmas nesta fase final se calhar foram os mesmos que no início estariam a dar palmadas no meu carro porque não gostavam de alguma coisa. A vida é assim. É evidente que mais do que as questões desportivas - e aí tocam num ponto importante - são importantes as questões de carácter e da parte humana. Atrás de qualquer profissional está o ser humano. Quando recebo elogios dessa matéria fico mais satisfeito. Posso dizer-vos que agradou-me mais ouvir alguém dizer 'obrigado, pela sua postura, pela sua classe, fez muito bem ao futebol do que as felicitações por ser campeão'.
- Foi aclamado nas ruas como um herói, durante os festejos do título. É assim que se sente, pelo menos um pouco?
- Não, herói não me sinto, nada disso. Sinto-me apenas uma pessoa que colaborou bastante, naquilo que era a minha parte, e acima de tudo sinto uma satisfação enorme e confesso porquê: que isto sirva de exemplo às pessoas. Houve muita gente que disse muita coisa ao início que não devia ter dito, houve muita gente muitas coisas no início porque era fácil dizer. Houve muita gente que disse muitas coisas no início porque outras estavam a dizer e o mais normal era seguir aquela linha. Hoje digo que se calhar muitos colegas meus perderam-se ou não tiveram a possibilidade de serem campeões ou fazerem uma boa carreira devido a esta máquina que pode consumir um treinador. É bom que as pessoas tenham calma e reflictam um pouco sobre isto, houve coisas ditas que não deviam ter sido ditas. É preciso pensar-se naquilo que está a dizer-se, senão depois... Vi muita gente a voltar para trás mas sei muito bem quem esteve comigo desde o início e não esteve, estão perfeitamente identificados.
- Houve uma altura em que era fácil bater Rui Vitória?
- Não é questão de ser fácil bater... Olhavam para o Benfica e pensavam onde podia estar a ferida. Alguém descobriu. O presidente, campeão nacional, os jogadores, muitos campeões nacionais, portanto era na parte do treinador que se podia esgravatar um bocadinho. Houve inteligência na forma de perceber onde se tocar no Benfica. Depois houve muita coisa que foi atrás dessa corrente e aí é que eu fiquei entristecido. Sinto-me satisfeito por ter feito ver às pessoas que é preciso ter calma. Que isto sirva de exemplo. Não sei como é que vai ser o meu futuro, se vou perder ou ganhar, estamos sujeitos a tudo, mas quando se fala não se pode esquecer que falamos de pessoas e que podemos estar a colocar em causa coisas que podem ferir muita gente. E agora tiveram de fazer marcha atrás.
- Os ataques do Sporting e sobretudo de Jorge Jesus ajudaram a unir o balneário do Benfica?
- É redutor. Esta equipa tinha de ter este caminho... Ao princípio, aliás, criticaram esta minha palavra, caminho, como se fosse uma coisa... Tudo aquilo que o Rui Vitória naquela altura dissesse... O caminho foi mesmo este, até sermos campeões nacionais. Essa (ataques do Sporting e de Jorge Jesus) foi uma das coisas que se calhar nos ajudaram, mas houve muitas conversas com o presidente que também ajudaram, as lesões de determinados jogadores também nos uniram ainda mais... Já disse e repito, é importante que não se faça deste título a vitória somente da coesão e da união. São aspectos fundamentais no carácter e na identidade de uma equipa, mas a nossa conquista não foi só disso. Posso arriscar-me a dizer isto: quem vir os nossos dois jogos com o Bayern Munique e os descascar do ponto de vista técnico-táctico, vê pouquíssimas equipas a fazerem o que nós fizemos em termos europeus. Portanto, não não chegámos aqui, demos as mãos, fizemos correntes e ganhámos. Não. Ganhámos com trabalho. Acima de tudo um trabalho muito bem feito da parte dos jogadores e com tudo aquilo que faz parte do crescimento de uma equopa. isto para dizer que não foram estritamente as questões relacionadas com o treinador do Sporting, isso contibuiu tanto como outras questões.
«Ainda tenho muito a ganhar»
(...)
- O presidente do Benfica recusou uma proposta de um clube chinês por si, no valor de €7,5 milhões. Se fosse um grande clube europeu faria diferença para si ou pode garantir que vai continuar no Benfica?
- Não penso em nada disso. Esta é a minha casa. Se calhar alguns treinadores pensariam de outras forma, e com legitimidade, não estou a criticar. Pensariam em ir embora e sair por cima porque vai ser muito difícil o Benfica repetir uma época com 88 pontos, 88 golos, 29 vitórias... Enquanto me sentir bem, não tenho razões para mudar. Se amanhã surgir algo logo se verá e falarei com o presidente. O Benfica é a minha realidade, é o melhor clube que posso representar e ainda há muito para fazer e muito para ganhar no clube.
- Corre o risco de ser vítima do próprio sucesso, porque colocou a fasquia muito alta.
- É a vida. Já me aconteceu isso em outros clubes. Sempre fiz os contratos de uma forma convicta e não a pensar que ficava uma no e depois ia embora. Estou de bem comigo e com a vida e isso é meio caminho andado.
- Quando chegou não quis falar em cadeira de sonho. E agora, depois de tudo o que viveu?
- Não vivo dessas coisas. Está é a minha casa, é onde me sinto bem, é o clube onde gosto de estar a trabalhar neste momento e onde me sinto realizado pelo sucesso que tivemos. Nunca fiz planos a longo prazo. Não sei onde irei parar e neste momento até podia estar em qualquer segunda divisão, porque há muito bons treinadores por esse país fora, mas a vida levou-me até aqui e estou muito bem.
- Depois do tricampeonato que escapava ao Benfica há 39 anos, o grande objectivo é oferecer aos adeptos o inédito tetra?
- Antes disso, dizer o seguinte: não há uma verdade absoluta sobre quem tem sucesso e quem não tem. É bom que as pessoas entendam isso, há várias formas de chegar ao sucesso. Nós provámos que, de outra forma, nem melhor nem pior, apenas diferente, com outras pessoas, com outra forma de estar, também se consegue ter sucesso. Esta foi uma das grandes alegrias que tive no final deste ano. Em relação ao futuro, claro que gostaríamos de conquistar o tetra, mas ainda estamos numa fase muito precoce. Vamos preparar as coisas com calma. Eu e o presidente, quando iniciámos este trajecto, sabíamos o risco que estávamos a correr, a mudar algumas ideias pré-concebidas, e não vamos abdicar dessa mudança de paradigma. Conseguimos mudar e ao mesmo tempo ter sucesso, agora vamos à procura de ganhar mais uma vez. Nunca se pode é dissociar a relação que tem de existir entre investimento e rendimento. Isto é algo que gostava que fosse levado em conta nas análises porque há treinadores que fazem grandes trabalhos com poucos recursos mas que não são reconhecidos só porque não ganham títulos. Há trabalhos muito mais difíceis do que o meu ou de outros que têm grandes recursos à sua disposição.
- Em Portugal só lhe falta ganhar a Supertaça. É importante entrar em 2016/17 a vencer?
- É importante, não por mim mas por ser mais um título para o Benfica, embora tenha algum orgulho por ter 46 anos e já ter as conquistas que tenho. Mas não é isso que conta, a Supertaça é o próximo troféu que o Benfica tem para tentar vencer. A nossa época ainda não acabou, e foi isso que disse aos jogadores. Uns vão para um lado, outros vão para outro, mas quem jogar a Supertaça estará a representar este grupo que teve um ano fantástico, que trabalhou, sofreu e lutou muito. Se porventura vencermos esse jogo, todos devemos lembrar-nos do grupo que nos conduziu até ali, embora já não estando todos juntos.
Discurso directo
«É prematuro (falar no eventual regresso de emprestados), mas foram todos muito bem acompanhados. Ainda depende de várias coisas»
«Quando entrei neste clube fui o primeiro a dizer que não se ganha só com formação. Vamos continuar a fazer o mesmo: ter à disposição um lote de jogadores que, pela qualidade, podem jogar na equipa principal e ser valorizados. Em determinados momentos da época vão ter a sua oportunidade. Podem e vão aparecer mais jovens já na próxima época mas não digo quantos nem quais. Se tenho uma ideia com o presidente, não vamos estar a andar para a frente e depois para trás»
«Não gosto muito de entrar em questões contratuais. O presidente irá resolver isso brevemente (renovações de Júlio César e Eliseu) mas são dois jogadores que tive o prazer de treinar e com os quais gosto de trabalha»
«Isso (eventual condição de suplente de Luisão e Júlio César na próxima época) é falar de pressupostos que não vale a pena colocar neste momento. Não vamos falar por antecipação. Confio em todos os jogadores que estão comigo»
«Nunca sabemos (se Salvio voltará a ser o jogador que era antes da grave lesão). Cada jogador tem a sua forma de evoluir nestas situações. É um jogador que dá gosto de ver trabalhar, pela forma determinada e abnegada. Procura superar-se dia a dia e isso é uma alegria. Faço votos para que volte novamente a jogar a um nível muito elevado, se possível comigo»
«Nunca andei atrás do confronto financeiro. Sempre joguei e treinei por prazer, embora o dinheiro seja importante para todos. Tenho uma máxima: o que era caro para mim há 10 e 20 anos continua a ser caro agora»
«Sinceramente até ao momento não vivi qualquer situação negativa. Sou muito reservado, mas é evidente que se for a um restaurante tenho de tirar algumas fotografias porque hoje em dia é a moda das selfies. Mudou o mediatismo mas tenho ido a salas de espectáculos, tenho visto teatro e ido a concertos. Faço a minha vida com satisfação, ainda que com algumas reservas e cuidados. Só fui incomodado positivamente, do género de não poder almoçar descansado, e de a meio da refeição estar quase com comida na boca e alguém me pedir para tirar uma fotografia porque tem de ir embora»
A importância do sucesso na Champions
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- O Benfica de Rui Vitória pode ser o Leicester da Champions?
- Nunca é fácil, mas o primeiro passo é olhar para a competição, estudá-la bem e acreditar. É importante lutar porque temos capacidade para lá estar. Tivemos dois jogos com o Bayern em que fomos eliminados, mas por pormenores. Um ou dois erros objectivos de arbitragem, como os que aconteceram, podem fazer toda a diferença. Mas não vou entrar por aí. O sorteio também é importantíssimo. Mas o importante é que o Benfica olhe para aquela competição e queira ser como os clubes modernos, jogando de três em três dias e preparando as equipas para as diferentes provas. Tenho quase a certeza de que o Bayern veio buscar o Renato porque o viu passar à frente dos olhos, porque o viu a competir, mano a mano, com o Vidal, o Thiago Alcântara, o Xabi Alonso... Aquilo foi uma prova, isto sem esquecer que a partir da fase de grupos, metade da Europa está a ver o nosso jogo e a outra metade está a ver o outro.
«Não podemos relaxar, está fora de questão»
«Ainda estou a desfrutar deste final de época, mas é evidente que o sucesso obriga a mais sucesso, obriga, a maior exigência ainda. Tenho a consciência disso. Os treinadores vivem disto, um ano de trabalho e muitas dificuldades para ter um ou dois dias glória. Isso aconteceu-nos, há já um novo caminho para desbravar, e não podemos de forma alguma relaxar. Isso está fora de questão»
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«Se isso acontecer, e nunca sabemos porque o mercado é sempre muito estranho, eu, a minha equipa técnica e o presidente vamos trabalhar de melhor forma e pensar em tudo o que é melhor para o Benfica. Mas é ainda é muito prematuro, vamos manter. A pior coisa que pode acontecer é eu pensar que estou no Benfica como se estivesse no Bayern Munique. No Bayern de Munique o treinador pode dizer que precisa de um jogador que meta bolas à distância, porque já lá tem os outros todos e só precisa daquele para acrescentar qualquer coisa. A nossa posição não é essa, mas sim fazer bons trabalhos e, acontecendo isso, ficar à mercê de quem tem maior capacidade financeira. As equipas portuguesas têm muita dificuldade em manter muitos jogadores»
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«Uma coisa tenho a certeza: se conseguisse manter estes jogadores mais tempo, a probabilidade de fazermos uma equipa ainda melhor era uma realidade, mas já estou preparado para aquilo que aí pode vir. Vamos ver o que acontece com calma».
«Tentar arranjar cópias de quem sair é um erro»
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«A pior coisa que podemos fazer é querer arranjar cópias de quem sai. É um erro. Se houvesse mais Renatos, o Bayern se calhar não o vinha buscar ao Benfica, ia à Colômbia ou a outro lado qualquer. Não tenhamos essa ilusão. Arranjaremos soluções, jogadores que tenham as características que precisamos, mas é cedo para abordar essas questões»
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(Carrillo) «É um bom jogador, toda a gente reconhece isso, mas quanto ao fica ou vai temos de aguardar mais uns dias também»
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As explicações que tem de dar às filhas
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-Festejou com as suas filhas o título no Estádio da Luz? Elas são benfiquistas?
- Têm de ser do clube onde o pai estiver.
- E dão-lhe conselhos, reclamam?
- Tenho uma mais interessada pela bola.
- E diz-lhe 'Ó pai mete o Jonas'?
- Perguntam-me porque é que aquele jogo e porque é que o outro não joga.
- Dá-lhes explicações?
- Às vezes dou mais a elas do que aos jogadores.
- Tem dado umas pauladas na bateria?
- Menos, porque me dedico às minhas filhas, à minha família, e muito ao Benfica.
- E para quando um livro sobre este campeonato?
- Para já a escrita está de parte, mas talvez no futuro haja históricas para contar."
Entrevista de Nuno Paralvas e Gonçalo Guimarães, a Rui Vitória, in A Bola
Muita Classe Srº Professor.
ResponderEliminarClasse e inteligência. Alverca!!
ResponderEliminarUm grande treinador! E um senhor! Os «doutores» da bola que o apoucaram, estão agora rendidos à competência e à estaleca do homem. Depois de ter saído vencedor, respeita os vencidos e não se vinga, continuando com a postura de classe que sempre teve, mesmo quando era achincalhado pela chusma de comentadores avençados e nada isentos, e pelo exército de labregos e cobardes de Alvalade. Não é para todos. É de homem com H.
ResponderEliminarRui Vitória é o treinador de que o Benfica necessitava para se afirmar definitivamente no contexto do futebol nacional e europeu. Vêm aí muitas vitórias e muitas alegrias. Longos anos no Glorioso, Rui.