"Sempre ouvi dizer que o cemitério é o único local onde os que se julgam insubstituíveis se acotovelam, provavelmente por ser reduzido o espaço para tamanha multidão de convencidos, mas a experiência dos anos também me ensinou que, em vida, há pessoas muito difíceis de substituir, pelo que representam através da obra feita, da riqueza gerada nos projetos que abraçam e da defesa de valores como a justiça e a verdade.
Luís Filipe Vieira é uma delas, por ser um grande presidente, na mesma linha de outros grandes presidentes do emblema da águia, os quais, por amor à nobreza da causa, elevaram o Benfica a patamar ímpar no desporto, em particular no futebol, tornando-o conhecido, respeitado e admirado no mundo inteiro, nem sequer me dando ao trabalho de contar associados medir audiências ou comparar influências nos mercados, seja o que isso for, por haver coisas que, dada a clareza com que se nos deparam, dispensam perdas de tempo.
Há uma semana, neste mesmo espaço, sem a menor ideia do que estava prestes a explodir, escrevi que Vieira tinha dado o sinal que faltava no sentido de acalmar as franjas mais frágeis e nervosas da massa adepta encarnada, no sentido de fazer-lhes entender que, apesar de quererem ganhar sempre, perder não deixa de ser um dos desfechos possíveis em cada jogo, de aí que quem tem a responsabilidade de tomar decisões, independentemente da cor, dispense a choradeira dos que desistem ao primeiro tropeção e aprecie os que acreditam em quem manda.
Rui Vitória continua a ser fustigado de todos os lados com críticas severas, e tem de saber de lidar com elas de resistir-lhes. É o preço da mudança de Guimarães para a Luz, onde tudo foi ampliado à escala de um clube da dimensão universal. Quer queira ou não, os três desfechos negativos com o Sporting inflamaram as reações e azedaram os reparos dos que aceitaram mal a saída de Jesus. É normal que assim aconteça e a forma mais rápida para se impor é apresentar serviço - o que, aliás, já começou a fazer com indiscutível relevância através da promoção de jovens talentosos da formação (Gonçalo Guedes, Nélson Semedo e Renato Sanches) - e, sobretudo, conseguir resultados que prometam mais conquistas desportivas, de preferência sem os excessos do passado. O Benfica, atravessa um ano de mudança, decisivo para muitas gerações, declarou o presidente, reconhecendo, no entanto, que, no imediato, possa haver quem não consiga alcançar o que verdadeiramente se pretende.
Não sei se foi uma bomba ou o que lhe quiserem chamar. Sei é que a notícia do acordo com a NOS fez cá um barulho que abanou o País... Além de provocar o colapso das estratégias adversárias, nomeadamente no que refere às alianças fingidas FCP-SCP com o propósito de isolarem e enfraquecerem o SLB, também o escrevi aqui há cerca de seis meses, precisamente com esse título (' Cerco ao Benfica', 23/junho/20l5), arruinou as ambições dos aspirantes a candidatos presidenciais, os quais, motivados pelo desconsolo suscitado pela sucessão de derrotas futebolísticas começavam a perfilar-se para as eleições do próximo ano. O vento soprava-lhes de feição e a que entretanto germinou em Alvalade dava-lhes imenso jeito, mas Vieira, avesso a tagarelices, voltou a surpreender pelo trabalho. Assim, quem quiser sujeitar-se ao ridículo de derrota colossal que se chegue à frente...
Vieira não é insubstituível, mas até hoje, que se saiba, ainda não apareceu alguém que reúna credenciais suficientes para convencer a nação benfiquista da necessidade de mudança. Pelo contrário não sendo eterno, deve a família da águia desejar-lhe muita saúde para se manter ao leme da nau encarnada enquanto quiser.
Luís Marques Mendes no seu último comentário na SIC, considerou-o o melhor presidente da história contemporânea do Benfica opinião que aplaudo e subscrevo. O que ele conseguiu em uma dúzia de anos é notável. Vieira é o rosto do Benfica de hoje e a alma do Benfica de amanhã."
Fernando Guerra, in A Bola
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