"A titularidade e a boa exibição do jovem Rodrigo Rêgo pelo Benfica frente ao Atlético, na Taça de Portugal, fizeram-me lembrar o momento em que Roger Schmidt lançou João Neves na equipa. Não estou a querer comparar épocas, plantéis, ou a qualidade dos jogadores, mas sim a mensagem e o impacto que este tipo de decisões podem ter.
Na altura, lembro-me de o treinador alemão ter justificado a entrada do jovem médio, agora estrela mundial e a representar o PSG, com a necessidade de introduzir uma energia nova na equipa do Benfica. Sangue novo, frescura, a mentalidade certa, tudo isso pode fazer a diferença numa altura em que as águias enfrentam uma crise de personalidade, com bons jogadores a parecer duvidar da capacidade que têm e a equipa, de forma geral, com dificuldade para se reencontrar e a somar exibições que só a vão diminuindo.
Rodrigo Rêgo, na vitória por 2-0 frente ao Atlético, equipa da Liga 3 que, apesar da derrota, soube expor esta fase de fragilidade emocional do Benfica, foi dos poucos que, pelo menos na primeira parte, perceberam o que estava em causa. Mais do que continuar em prova na Taça, a equipa dos encarnados precisava aumentar os níveis de confiança, e não foi capaz. Pelo contrário. Houve displicência, incapacidade e críticas muito duras do treinador no final do jogo. José Mourinho também assumiu culpas próprias, que as tem, pois é ele quem passa a mensagem e se ela não passa bem, a culpa também é dele. Mas são sobretudo os jogadores quem têm de chegar-se à frente e dar safanão na nuvem negra que teima em não sair de cima da Luz, com muitas lesões, problemas no relvado, também fora do relvado; enfim, uma época que não está, de facto, a correr nada bem para os benfiquistas.
Talvez seja importante, como disse Schmidt, encontrar uma energia nova, jogadores com a cabeça livre de fantasmas e o futebol certo. Não sei se o presente passará ou não por dar continuidade a Rêgo, nem se será a altura ideal (será que as há?), essa análise pertence a Mourinho e à estrutura do futebol encarnado, mas acredito que o futuro próximo tem, ou deve, passar também por este tipo de jogadores da formação, com talento, desempoeirados e a ideia certa na cabeça sobre o que representa vestir a camisola do Benfica.
Claro que com o mercado de janeiro vão chegar novos jogadores, contratações, possivelmente mais do que aquelas inicialmente planeadas pela SAD, mas até lá é preciso fazer alguma coisa. Mourinho já defendeu o plantel, já mudou de tática várias vezes, já deu oportunidades a menos utilizados, já criticou jogadores e confessou vontade de mudar nove ao intervalo... Começam a faltar soluções e fazer uma pré-época em competição não é, de todo, positivo; como se tem verificado. Mourinho vai dando sinais de impaciência e os jogadores devem fazer o mesmo."

Comparar o Rego com o João Neves é não perceber nada de futebol. Uma verdadeira heresia.
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