Últimas indefectivações

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Uma final do campeonato nunca vista, se…


"Se Gil Vicente e Estoril não complicarem, podemos ter uma final - é mesmo UMA final - do campeonato como não nos lembrámos, em que qualquer das equipas pode festejar o título no mesmo dia. O fator casa favorece o Benfica, poder jogar com dois resultados inclina para o Sporting. Vai ser empolgante, para mais com um tira-teimas de Taça no horizonte logo a seguir. Mas atenção ao “se” inicial: falta um jogo antes desse clássico raro e os clientes não são Boavista nem AFS, antes uma equipa bem trabalhada, o Estoril, e outra agora estabilizada, o Gil Vicente.
Viktor Gyokeres será sempre o jogador do ano, mas a existência de um extraterrestre em Alvalade não impede de perceber Vangelis Pavlidis como o melhor ponta de lança do Benfica (Jonas não era um 9 puro) em muitos anos, mesmo em várias décadas. É também uma raridade os rivais de Lisboa estarem tão bem servidos de goleadores ao mesmo tempo. E qualquer deles pode ser decisivo nas finais que se anunciam.
O final de época do FC Porto é contrastante, porque vai acabar a lamber feridas e a equacionar futuro, seja o futuro do treinador Anselmi, do diretor desportivo Zubizarreta e de boa parte do plantel. A derrota na Reboleira expôs toda a fragilidade deste Porto, perdido entre a diminuta qualidade do plantel e a teimosia num desconforto tático que faz os jogadores parecerem piores ainda.
Na Europa ainda não há rei, mas assumo o encantamento definitivo com um Paris Saint-Germain de guardar na memória. Com bola é liberdade a emanar da qualidade, sem ela há artistas feitos altruístas. Faço vénia às épocas de Liverpool e Arsenal (sem as lesões, até onde iria?), delicio-me com a qualidade ofensiva do atual Barcelona, mas o PSG de Luis Enrique é o projeto do ano. Agrupa, como poucas vezes vi, jogadores de talento indiscutível, eles são Vitinha e Neves, Kvaratshkelia e Dembelé, mas reparem melhor se faz favor no menino Doué, 19 anos de uma espécie de Neymar francês, daquele tipo de arte indispensável a que o futebol seja um jogo eterno.
Duas notas finais. Uma positiva, para João Mendes, o médio do Vitória, num sublinhado ao talento verdadeiro e à inspiração recorrente, e num elogio também a Luís Freire, que viu nele, aos 30 anos, o que ninguém inacreditavelmente percebeu antes. A nota negativa é para o penálti absurdo assinalado no Casa Pia-Estoril, sem a devida correção do VAR. Em Portugal, o VAR intromete-se em lances a mais, acrescentando ruído muito para lá da correção de erros grosseiros. Quando surge um erro grosseiro desta escala, não surge o VAR. Está bonito."

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!