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sexta-feira, 7 de março de 2025

Benfica-Barcelona, 0-1 Erros meus, má fortuna e no fim ganha o Barça...


"No espaço de 43 dias o Barcelona visitou a Luz duas vezes e em ambas ocasiões o Benfica teve tudo para ganhar, e perdeu. A este nível, há golos que não podem perder-se e ‘gaffes’ que não podem cometer-se...

Tem perfeito cabimento citar Luís de Camões a propósito da maneira como o Benfica perdeu na Luz com o Barcelona, e hipotecou uma parte substancial das hipóteses que tinha de chegar aos quartos-de-final da Champions: «Erros meus, má Fortuna, Amor ardente, em minha perdição se conjuraram.»
Errar aconteceu em mais um lance infantil de António Silva, novamente com um passe suicida da ala para o meio, em zona mais do que proibida, que Raphinha aproveitou para marcar; má Fortuna, nas inúmeras oportunidades criadas para faturar na baliza do inspiradíssimo Szczesny, que saiu da reforma depois da lesão de Ter Stegen, e mostrou que velhos são os trapos; e Amor ardente, das bancadas, que nunca deixaram de empurrar os encarnados – que não regatearam esforços - para um resultado positivo.

INÍCIO FRENÉTICO
Enquanto as equipas tiveram onze jogadores em campo cada uma, o Benfica esteve muito perto de marcar por Akturkoglu aos 18 segundos, mas Szczesny fez uma parada incrível; no minuto dois, Leandro Barreiro e Frenkie de Jong dispararam muito perto das redes de Barça e Benfica; aos 12 minutos Trubin teve o momento de uma vida ao defender, na mesma jogada, três remates para golo, um de Dani Olmo, outro de Lewandowski e ainda mais um de Lamal; aos 16, foi Pavlidis, em boa posição, a rematar por cima.
Até à expulsão de Cubarsí (22 minutos), o Benfica com um 4x3x3 que tinha de baixar linhas para aguentar a melhor circulação de bola do Barcelona a meio-campo, jogava olhos nos olhos com os 'culés’ que Flick armou numa base de 4x3x3 que muito rapidamente se transformava em 4x2x3x1 ou mesmo em 4x5x1. Quando Cubarsi viu o cartão vermelho, tudo mudou: Hansi Flick tirou Dani Olmo e recompôs a defesa com Ronald Araujo, passando a um 4x4x1 que permitiu ao Benfica maior à vontade nas saídas de bola e assenhorear-se do controlo da partida. Com Lewandowski a mostrar-se de extrema utilidade nas bolas paradas defensivas, os ‘blaugrana’ deixaram de ser uma equipa de posse (até à expulsão andaram pelos 70 por cento) e viraram-se para o contra ataque, mas sempre com muitas cautelas para evitarem desposicionamentos. Mesmo assim, a classe de Frenkie de Jong e Pedri causou calafrios na Luz, e obrigou a que Akturkoglu e Schjelderup nunca descurassem o papel defensivo.
Mas a noite era do Benfica, que carregava, às vezes mais em quantidade do que em qualidade e viu Szczesny, aos 43 minutos, fazer um tremenda defesa a remate de cabeça de Akturkoglu que levava selo de golo. Por via de dúvidas, ainda antes do intervalo, o contra-ataque do Barça deu sinal de vida, com Carreras a cortar um cruzamento rasteiro perigoso de Raphinha. No descanso, quem consultasse os jornais de Barcelona podia ler que o resultado era muito lisonjeiro para os ‘culés’, que tinham de preparar-se para sofrer na segunda parte.

UNS FALHAM, OUTROS MARCAM
A metade complementar começou por ser um monólogo atacante do Benfica, que criou oportunidades para ganhar folgadamente, mas quase nunca foi assertivo na finalização; e quando o foi, Szczesny vestiu a capa de super-herói e disse não a hipóteses claras de golo de Kokçu (47) e Aursnes (51).
Foi então que começou a dança dos bancos, com Flick a mexer primeiro, com Ferran Torres no lugar de Yamal (56), para dar mais agressividade à equipa, respondendo Lage com Dahl no lugar de Tomás Araújo (57). E se foi surpresa o jogador emprestado pela Roma não ter sido titular no lugar de Schjelderup, ver um esquerdino a lateral direito, primeiro estranhou-se e depois entranhou-se, ou seja, o sueco deu boa conta do recado.
À passagem da hora de jogo, sem nenhuma mudança tática no Benfica, a equipa da Luz mandava no jogo e a preocupação quase exclusiva do Barça era sobreviver à avalanche atacante dos encarnados. Mas a equipa da Cidade Condal não disse que não à oferta de António Silva (61) e Raphinha, com a bola ainda a raspar no ‘centenário’ (na Champions) Otamendi, bateu Trubin, sem que nada o fizesse prever. Pois é: a este nível não há espaço para erros infantis e quem os comete paga o preço.
A 20 minutos do fim, Bruno Lage passou a um claro 4x4x2, com Belotti ao lado de Pavlidis, João Rego na direita e Akturkoglu na esquerda. Respondeu de imediato Flick, abdicando de Lewandowski e De Jong, passando Ferran Torres para ponta de lança e Baldé para médio esquerdo.
Mais tarde, aos 84 minutos, o treinador do Benfica ainda foi buscar Renato Sanches e Artur Cabral, apertando a asfixia do Barcelona, que se defendia com unhas e dentes. Os 13 cantos a favor dos encarnados provam-no cabalmente, assim como um corte de Baldé a tirar o pão da boca a João Rego (88), uma defesa prodigiosa de Szczesny (90+4) a remate de Renato Sanches e um penálti contra o Barça assinalado por Felix Zwayer, por falta de Szczesny sobreBelotti, anulado pelo VAR por offside milimétrico do italiano.
Em resumo, o Benfica fez por merecer mais, mas pagou caro o erro que cometeu, e acabou por desperdiçar uma grande oportunidade, contra dez desde o minuto 22, de construir um resultado que lhe permitisse uma visita ao Estádio Olímpico de Montjuic com vista para os quartos. Assim..."

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