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segunda-feira, 8 de julho de 2024

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"HAMBURGO - Ficou para a despedida a melhor exibição da Seleção no Euro-2024. Muitos dirão que é a prova de que pouco importa jogar bem ou mal, outros — nos quais estou incluído — preferem a ideia de que só faltou um pouco mais de felicidade para que a equipa das quinas conseguisse um momento de afirmação na caminhada para o título. Um degrau que era indispensável para forjar a ambição, ou, no pior dos cenários, regressar a casa de cabeça erguida. É verdade que a França foi mais submissa do que nunca, ainda sob o efeito do trauma de 2016, mas a equipa de Roberto Martínez teve personalidade para deixar de lado inseguranças próprias, e foi globalmente superior. Para isso foi fundamental a ação de Bernardo Silva, finalmente livre de amarras, a recuperar o hábito de recuar no terreno para temporizar a construção, deixando a linha para quem se sente lá melhor - como Cancelo, mesmo limitado pela ameaça de Mbappé. O corredor central deixou de ser caminho a evitar e Palhinha aproveitou para mostrar que não tem a capacidade de desarme como virtude única, enquanto Vitinha manteve o nível que fez dele o melhor jogador português do torneio. A evolução encontrou depois uma barreira, pois foi no último terço que a equipa das quinas ficou abaixo do necessário para conseguir a passagem às meias-finais. Os números não mentem: 364 minutos sem marcar, entre o último golo à Turquia e o penálti de Theo Hernández. Portugal ficou pelos cinco golos, dois deles apontados por adversários na própria baliza. Um jejum que resulta também do enorme desacerto na finalização, mas sobretudo da falta de poder da área. Se Cristiano Ronaldo já não tem a presença de outros tempos, a equipa foi sempre incapaz de encontrar alternativas. O baixo rendimento de Bruno Fernandes não explica tudo, e porventura menos do que a escolha do perfil para o lado esquerdo. Leão raramente foi consequente, e a equipa pedia mais um complemento a Ronaldo que alguém aberto na linha. Mesmo que Félix não justificasse a confiança da qualificação, Jota podia muito bem ter preenchido essa lacuna. Se nunca houve a intenção de prescindir do capitão, ao menos arranjava-se companhia. Esse foi o ajuste que Roberto Martínez nunca chegou a fazer."

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