"Alguns atacam, alguns defendem, mas nem todos jogam. É isso que Schmidt terá de resolver
Em nove jogos para o campeonato, o Benfica perdeu um, no Bessa, e empatou outro, em casa, com o Casa Pia. Marcou mais de dois golos por jogo e sofreu menos de um. Não é, propriamente, um desastre. Portanto, o que pode justificar o sentimento geral no povo benquista de que a equipa está em sério risco de não cumprir nenhum dos objectivos principais para esta época, apesar de já ter vencido o único título até agora disputado: a suportada?
Admito que para Roger Schmidt a questão seja despropositada e desproporcionada. É um treinador pragmático que tem dificuldades conhecidas na explicação filosófica e na contextualização dos problemas. Para ele, tudo é preto ou branco. O Benfica não marca golos que cheguem para ganhar os jogos porque ainda procura «o homem certo para o ataque» e porque a equipa tem de trabalhar melhor para finalizar com mais eficácia. Porém, não são essas as questões que os observadores mais atentos querem colocar.
Há um contexto global que indica este Benfica como uma equipa a anos luz de distância do Benfica da época passada. No nível exibicional, a diferença é da escuridão das noites de inverno para a luminosidade dos dias de verão. Ao nível dos resultados, a questão é ainda mais evidente se considerarmos - e não vejo como não considerar - o assinalável sucesso da época europeia do ano passado e o estrondoso fracasso que tem marcado esta época, de uma forma, aliás, traumatizante. Assim, quando os benfiquistas acenam com lenços brancos das bancadas preenchidas com quase sessenta mil adeptos em estado de apreensão coletiva, não significa que estejam a pedir a cabeça do treinador por ter uma derrota e um empate no campeonato, continuando, aliás, na linha da frente da classificação.
Os adeptos são algo irracionais, mas não tanto. Significa, sim, que na linha do que o Benfica tem produzido internacionalmente é óbvio entender-se que, sem mudanças significativas, não haverá Benfica que chegue para repetir o título da época passada. E de que mudanças falamos. De jogadores, como já justificou Schmidt? Não. As mudanças urgentes são estruturais e implicam, muito simplesmente, que o Benfica volte a ser uma equipa, o que na realidade não é. Há alguns que atacam, alguns que defendem, mas nem todos jogam."
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