"Hoje em dia muita gente acredita que o futebol está repleto de gente tóxica, capaz de intervenções reprováveis e de más práticas constantes. As pessoas simplesmente não confiam na idoneidade e caráter dos agentes desportivos e de tudo o que advém do fenómeno.
Esse é um sentir que se estende de norte a sul do país. Basta estar atento a tudo o que se diz e escreve nas rádios e TV's, nos jornais e onlines e em cada esquina de cada rua que tenha um café ou um quiosque.
É assim, é exatamente assim.
Independentemente da realidade poder ser diferente da sua perceção (e quase sempre o é), a verdade é que esse sentimento de descrença generalizada em torno da indústria é alarmante e justifica reflexão.
Parece-me sensato procurar perceber o que leva tanta gente a pensar assim. O que leva tantas pessoas a não acreditarem em quem está em campo e em redor dele.
Para ser mais claro: por que é que o futebol português tem esta imagem tão desgastada e negativa? De onde veio a tendência para ver nele um lado obscuro? Será que as pessoas são todas pessimistas e maldizentes? Ou será mero desconhecimento e ignorância?
Estarão elas emocionalmente orquestradas para este ‘bota-abaixo’ constante? Ou será apenas a sua latinidade a falar, o coração a trair? Será que são influenciadas por notícias pouco abonatórias que surgem aqui e ali? Ou acreditam mesmo que há muita coisa a funcionar mal?
Confesso que, se tivesse responsabilidade no negócio, gostaria de saber. E gostaria de saber porque acho importante perceber que razões sustentam perceção pública tão cáustica e mesquinha.
Nada como ir ao fundo da questão, para procurar respostas. Afinal de contas, do que é que elas não gostam? De que é que desconfiam?
Dos árbitros? Da sua competência técnica ou da sua seriedade? Porquê? E como pode o setor mudar essa ideia? Que passos deve dar para tentar provar o contrário?
Será que desconfiam das políticas de quem gere Liga, Federação, Associações e até poder político? Se sim, porquê? O que fizeram - ou não fizeram - para que reine esse sentimento? E como podem mostrar-lhes que estão enganadas? Que podem fazer para mudar essa opinião?
Será que o que está em causa é o quilate ético e moral de alguns dirigentes desportivos? O seu caráter e honestidade? A transparência dos seus negócios? A forma como comunicam para o exterior? Se sim, como resolver essa questão? Que medidas devem ser implementadas para que não exista esse sentimento? Para que a crença regresse?
Será que, no fundo, há a sensação que, no futebol português, tudo é permitido, tudo é possível e nada é punido, com a conivência de muita gente (ir)responsável e de uma regulação disciplinar inócua, demorada e pouco punitiva?
Seja por que razão for - por alguma das apresentadas, pela soma de todas ou por outras que não vieram à baila - a verdade é que a indústria só ganhará o respeito da opinião pública quando responder às suas dúvidas e descrenças. Quando apresentar soluções que a façam mudar de ideias. Quando a convencer que está errada.
Enquanto não o fizer, jamais será valorizada no que de bom tem mostrado e construído. Parece injusto, mas infelizmente é assim que as coisas funcionam nos dias de hoje.
Tal como a política, também o futebol assenta muita da sua credibilidade na imagem que vende. Na perceção que os outros têm de si. É preciso ter a humildade e inteligência estratégica de perceber isso, agindo em conformidade.
Ou isso, ou os clientes finais jamais acreditarão na qualidade e seriedade do produto. Isso seria fatal e uma pena, porque este é mesmo o melhor desporto do mundo."
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