"Aproxima-se o primeiro confronto da fase de grupo da Liga dos Campeões, desafio que o SL Benfica cumprirá no Olímpico de Kiev.
À sua espera tem o Dínamo, vencedor de tudo o que havia para conquistar internamente e que é a base da seleção ucraniana.
Na última convocatória foram dez selecionados do seu plantel, no onze titular frente à França (1-1) foram cinco – Tymchik (defesa-direito), Zabarnyi (defesa-central), Mykolenko (lateral-esquerdo), Shaparenko (médio-centro), e Tsyngakov (extremo-direito).
Três dias antes, no empate no Cazaquistão, jogaram ainda Buyalskyi (número dez), Sydorchuk (médio-centro) e Karavaev (defesa-direito). Ou seja, só não somou minutos o guarda-redes Boyko, remetido a papel de suplente por Pyatov.
Portanto desengane-se quem imagina um SL Benfica seguro na terceira posição do grupo, a tentar-se intrometer nos dois primeiros lugares – o Dínamo tem equipa muito competente, atrevida, e que, apesar da muita juventude, com uma base de anos e com muito minuto partilhado.
A favor dos portugueses surge a fase de menor fulgor físico da equipa, com lesões de elementos preponderantes: Mykolenko, carrillero canhoto, voltou da seleção com queixas; Buyalskyi, que estava em grande forma neste inicio de temporada, lesionou-se no adutor frente ao Cazaquistão e para duas semanas; e Besyedin, o ‘bad boy’ do ataque e no clube desde 2016, encontra-se igualmente fora de combate. Três lesões que podem alavancar as hipóteses encarnadas em Kiev.
Decidimos então eleger cinco dos mais importantes (e disponíveis) jogadores do plantel do Dínamo e tentar dar uma contextualização do seu papel no presente e futuro da equipa.
1. Vitinho – Chegado ao Furacão paranaense em 2015, foi no Athletico que se fez jogador de elite merecedor de incursão europeia – 86 jogos, 17 golos e quatro títulos conquistados que o introduziram nas shortlist de clubes de nomeada.
Depois de muito negociar com o Bordéus, o Dínamo chegou-se à frente com seis milhões de euros e apetrechou os corredores com um fantasista à imagem de Everton Cebolinha: pé direito a partir da ala esquerda, explorando possibilidades no último terço com diagonais de bola controlada, colada ao pé.
Remeterá, tudo indica, Verbíc ou De Pena para papéis secundários na hierarquia da equipa e junta-se a Tsyngakov e Buyalskyi para criar tridente de monstruoso potencial artístico.
2. Eric Ramirez – Contratação deste mercado, venezuelano que deu cartas na Liga Eslovaca (17 golos – melhor marcador do Dunasjka Streda, segundo classificado em 2020-21), chega ao Dínamo pronto para singrar no futebol a alto nível.
Não sendo um portento técnico, representa ameaça na vertente física do jogo, quer seja pelos seus 190 centímetros de altura como pela destreza no jogo de cabeça e uma agilidade invulgar para alguém tão forte. José Peseiro não teve pejo de o incluir nos trabalhos da seleção no Outono passado, acumulando desde aí três internacionalizações.
3. Viktor Tsyngakov – Aos 20 anos, foi o Jogador Ucraniano do Ano. Aos 23, igual. No intervalo, um segundo lugar, atrás de Zinchenko, e um terceiro. O Komanda, outro jornal que instituiu o seu próprio prémio em 1995, atreve-se ano após ano a eleger o melhor jogador da Liga, ucraniano ou não: Tsyngakov foi segundo atrás de Marlos em 2018, atrás de Taison em 2019 e finalmente primeiro em 2020.
Ou seja, a estrela da companhia do Dínamo é elemento consolidado no país, jogador de renome que já acumulou 32 internacionalizações pela seleção e que vê o seu valor de mercado cifrado nos 25 milhões de euros.
O que o fez merecer tanta distinção individual em 2020-21 foi, além das qualidades técnicas inatas, a capacidade finalizadora: 15 golos no total, tornando-o melhor marcador na equipa que ganhou tudo internamente e foi eliminada na Liga Europa pelo vencedor da competição (Villareal CF). Canhoto a partir da direita, será a principal preocupação benfiquista.
4. Mykola Shaparenko – Depois do golaço e do prémio de melhor em campo no recente empate ucraniano frente à França, Mykola só surpreendeu os menos atentos: se olharmos ao currículo dos ucranianos no Euro, por exemplo, vemos que não foi titular no primeiro jogo e que, por força da lógica e bom senso, cumpriu os restantes quatro como elemento preponderante do meio-campo amarelo.
Ou seja, há uma noção generalizada de que a sua importância em termos táticos é transcendente a qualquer conjunto onde se inclua. Shaparenko, de aparência frágil, é um gigante no retângulo de jogo, cobrindo área alargada nas compensações dos mais criativos. Em 2020-21, 39 jogos pelo clube de Kiev. O Transfermakrt diz que vale, apenas, 8 milhões de euros. Uma pechincha.
5. Illya Zabarnyi – O que dizer de alguém que se assume como titular do Dínamo Kiev e da seleção ucraniana com apenas 18 anos? Illya merece todos os elogios que lhe são endereçados Europa fora, que redundam na nomeação para Golden Boy 2021 – depois de 36 jogos (3256 minutos) em 2020-21, Chelsea FC e AC Milan foram obrigados a perguntar por ele.
O Dínamo fez cara feia, obviamente, e pediu 20 milhões de euros, valor justo para quem suportou a defesa ucraniana no Euro2020, no percurso positivo até aos quartos-de-final. Em princípio enfrentará o seu colega Yaremchuk, mais experimentado mas sem poder recorrer a um eventual efeito surpresa, num duelo que promete."
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