"1. Aí estão, daqui a três semanas apenas, as mais relevantes eleições de uma entidade portuguesa não estatal, mas totalmente transversal a todas as geografias e estratos da população nacional. As eleições gerais no Benfica, com a participação directa dos Benfiquistas maiores de idade e com capacidade eleitoral estatutariamente definida, como sempre, voltarão a constituir, no final deste mês, a mais concorrida manifestação da Democracia não parlamentar da sociedade portuguesa.
2. Mesmo nos períodos mais difíceis da vida colectiva dos portugueses, esse exercício da liberdade de voto para mandatos de um, dois, três e quatro anos sempre revestiu periodicamente aqui, no nosso Benfica, um singular exemplo de civismo, irrepetível no contexto sociopolítico da comunidade em geral, que se consolidaria desde o fim da Monarquia, durante a I República, nos tempos dilacerados pelas duas Grandes Guerras, ou no arriscado período da 'guerra fria', enquanto, a sério, os portugueses só votavam livremente, sempre, só e quando havia eleições no Glorioso...
3. Eleições directas e únicas, na dimensão crescentemente participativa; únicas, pela intensidade, com que eram preparadas e cumpridas por nós e observadas pelos outros; únicas, pela força popular que delas dimanava, no gradual desenvolvimento da fantástica ideia-forte do Grande Benfica Campeão. Mas, sobretudo cobiçadas e invejadas por todos os restantes democratas de outras cores, dada a impossível réplica com que, tão descaradamente, os homens (e as mulheres!) Benfiquistas sempre acorriam a votos, afirmando perante a sociedade civil um Benfica assim, cada vez mais forte e cada vez mais único...
4. Depois de Abril, foi o que se viu. Todos os outros alegaram ser também clubes 'do povo'. Os dois concorrentes mais notórios, então, distinguiram-se dos restantes pelas sucessivas barrelas de 'revisões' e aldrabices com que passaram a ensaboar as suas próprias histórias - algumas vividas com pides e parafascistas de pistola à cinta para intimidar árbitros, ou com 'quinhentinhos' e 'fruta para dormir' à mão de semear, para os comprar. O lá de cima, sem vergonha pela memória de quem lhe dera mesmo a (triste) vida, até, em trancafiar a própria data da sua 'fundação' empreendeu...
5. Mas a tudo isso o Benfica foi, no seu caminho, sempre dizendo nada. Sempre mais e mais unido. Sempre mais forte e poderoso. E sempre cumprindo a polissémica consigna distinta que, talvez ainda antes do início do ano de 1904, o (futuro) presidente Félix Bermudes proporia aos seus companheiros Fundadores para consagrar E Pluribus Unum - ou seja, um que, entre todos os restantes, se tornasse verdadeiramente único pelo poder da união de tantos.
6. Em cada tempo pré-eleitoral no Benfica, torna-se prudente reavivarmos a parábola. E desta vez, ainda mais. Que eu tenha lembrança ou registo, a manterem-se no pleito eleitoral de 30 de Outubro todas as (cinco, pela primeira vez!) pré-Candidaturas que se perfilam, prefiro pensar que seja porque o Benfica é Grande e que jamais nos faltarão, entre nós (e não nos bueiros da torpe comunicação da TV generalistas...), as genuínas soluções para o eterno prolongamento de um presente Glorioso.
7. É, que, no profundo respeito pelo verdadeiro Benfiquismo de quem venha por bem, também não deixarei de sinalizar que, mais do que sedutor, o Benfica está hoje verdadeiramente apetecível. Como nunca."
José Nuno Martins, in O Benfica
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