"O espaço mediático é, nos tempos que correm, mais do que um lugar onde se comunica. É lugar de encontro de vários poderes. Pelo que o modo como ele é ocupado ajuda ou prejudica as dinâmicas de trabalho das organizações, os seus propósitos e o sucesso na prossecução dos intentos que as mobilizam a intervir nesse espaço.
No desporto, o espaço mediático é ocupado por vários protagonistas com origem no movimento desportivo: atletas, treinadores, árbitros e juízes, empresários e dirigentes, individualmente ou através das respectivas organizações. Pode dizer-se que o desporto “fala” a várias vozes. É um dado objectivo, incontornável e sem retorno. Entendemos isso como positivo.
O acesso ao espaço mediático para a generalidade das modalidades desportivas é sempre um caminho difícil e estreito, dependente de muitas variáveis, a começar no calibre da mensagem e na notoriedade dos protagonistas, pelo que aproveitar as oportunidades que existem é um princípio do mais elementar bom senso. Nesse sentido, é perfeitamente natural, e desejável, que os vários actores desportivos, com acesso ao espaço mediático, se pronunciem sobre os diferentes aspectos da vida desportiva nacional.
O mesmo princípio é válido para as organizações desportivas de topo. As que têm representação orgânica e aquelas que o não tendo se juntam para, por força das circunstâncias, defenderem problemas comuns. Se existem é porque representam interesses distintos. Que naturalmente carecem de ter voz própria e autónoma.
Comité Olímpico de Portugal, Comité Paralímpico de Portugal e Confederação do Desporto de Portugal têm um histórico com missões e atribuições distintas. Circunstâncias próprias fizeram emergir a Plataforma do Desporto Federado e o Movimento das Federações Desportivas com modalidades colectivas de pavilhão que enriqueceram o espectro associativo nacional e sobretudo a reflexão sobre os problemas do desporto.
Estas dinâmicas são positivas e revelam um tecido associativo em movimento e em mutação. Mais do que tentar travar esta pluralidade orgânica devemos adaptar-nos a essa nova realidade no sentido destas dinâmicas acrescentarem valor à representação desportiva nacional, complementando-a e reforçando-a. A vida democrática é, ela própria, a abertura ao pluralismo de opiniões. Fomentar e estimular esse pluralismo é reforçar a vida democrática. O princípio é válido para todos, incluindo para as organizações representativas.
Questão distinta, e que carece de um outro tipo de abordagem, é o da representação institucional. Cabe ao movimento desportivo, designadamente às federações desportivas, definir os termos da sua representação institucional e respectivos territórios de intervenção: quem representa quem, mas sobretudo em que domínios e para que políticas. São conhecidas as dificuldades que, neste domínio, pontualmente se levantam, em boa parte suscitadas pela indefinição de competências ou pela sua duplicação.
Neste domínio a “fala” a várias vozes dos mesmos representados - as federações desportivas - comporta um risco: o do desporto não “falar” numa mesma direcção, fragilizando um sentido de “corpo” e de “pertença”, vital para consolidar a mensagem a difundir, esclarecer as suas posições e alcançar aquilo que pretende para todos.
O evitar desta situação só é possível através de um reforço das relações de cooperação bilateral, aumentando a troca de informações e pareceres para que se possam construir consensos em torno dos aspectos que são comuns.
A Cimeira das Federações Desportivas recentemente realizada demonstra que a construção de um caminho comum é possível, se cada uma das organizações de topo estiver animada de um propósito de convergência e se esforçar para que isso ocorra.
O primeiro passo desse caminho, com um apoio unânime do movimento federado, está dado e é inequívoca a mensagem transmitida ao país na moção estratégica aprovada."
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