"Adoptou-se como o seu protegido e fê-lo desde os tempos em que nos cruzámos nos treinos na Luz em 1982. Pela vida fora criticou algumas coisas que escrevi, elogiando outras, mas sempre afectuoso e paternal. Manuel Galrrinho Bento foi um amigo e um fenómeno construído com entrega, dedicação e trabalho. Senhor do seu nariz, sabia que era grande mas preferia que fossem os outros a dizê-lo.
O final da carreira foi doloroso. A fractura da perna esquerda, no México'86 interrompeu percurso excepcional. A partir de então, Manuel oscilou mais ainda o humor: tanto aparecia bem-disposto, dando a entender que convivia bem com o final da carreira; desanimado quando treinava mais a sério e o tornozelo inchava, revoltado quando tinha um assomo da grandeza que o enquadrava na história e resolvia discutir a opção de quem o deixava de fora. Fiz-lhe uma entrevista nessa altura de dor, dúvidas preocupação. Aproveitou a oportunidade para emitir um sinal de confiança, dizendo que era o mesmo guarda-redes e podiam contar com ele. Nada de muito surpreendente para quem lhe ouviu, na digressão de final de época a África, aos 42 anos, que Eriksson não quis ser campeão europeu em 1990, na final com o Milan. Porquê? 'Porque se quisesse tinha-me posto a titular'. Meu querido Manel Bento, foste o maior."
Rui Dias
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