"Cosme Damião: dirigente, capitão, árbitro, jogador de futebol, hóquei em campo, atleta de lançamento do peso... e remador.
Nos inícios do século XX, o desporto caracteriza-se pela sua diversidade e espírito cooperativo. Destacavam-se, no protagonismo deste momento histórico, os chamados 'sportsman', os homens de desporto, que cultivaram a preocupação pelo cuidado do corpo e recorrente prática desportiva. O Benfica teve homens desse calibre, destacando-se Félix Bermudes e Cosme Damião. Este último foi e ainda é o símbolo e figura principal da história do Benfica!
Falar sobre Cosme Damião assim pode parecer redundante, mas nunca é demais lembrar o papel que este homem teve no desporto português, tendo praticado quase todas as modalidades disponíveis à época!
Não aceitava que qualquer um praticasse desporto, especialmente o futebol, sem os 'conhecimentos elementares' das regras e a prática constante desde certa idade para se formarem como 'jogadores completos', pelas suas próprias palavras.
Este espírito que o caracterizou espelhou-se quando em 25 de Julho de 1915, competindo pela Taça Azambuja em remo, Cosme Damião integrou a tripulação do Club Naval de Lisboa como voga, o remador que vai na frente a marcar o ritmo.
A competição conheceu, nesse ano, a sua segunda edição. A prova surgiu de uma pacificação entre o Club Naval e a Associação Naval de Lisboa, vencedora da 1.ª edição, em 1913, num período em que se retomava o gosto pelos desportos aquáticos.
Ambas as equipas disponibilizaram dois dos melhores vapores lisbonenses para acolher sócios e respectivas famílias para um 'encantador passeio', ao mesmo tempo que assistiam 'à renhida luta entre as duas tripulações'. Dias antes da prova, já os bilhetes estavam esgotados!
Um grande cerimonial preencheu o programa: 'lançaram-se foguetes e a Filarmónica Azambujense executou algumas musicas' à chegada. 'Muitas senhoras em garridas toilettes' foram 'passear para a floresta' enquanto a regata decorria. Nas embarcações, houve baile, acompanhado por música tocada por bandas contratadas para o efeito. No regresso, 'foram levantados muitos vivas ao povo da Azambuja', que retribuiu com efusivos acenos.
Acabou por ser uma bonita e imponente demonstração de respeito e de boa interacção desportiva, que resultou na vitória da tripulação de Cosme Damião.
Pode ficar a saber mais sobre esta inigualável figura na área 18 - 'E Pluribus Unum' do Museu Benfica - Cosme Damião."
Pedro S. Amorim, in O Benfica
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