"Sendo atleta, a minha vida profissional e pessoal misturam-se, há uma linha separadora muito permissiva.
Acreditava que a superação e a constante busca de evolução assente em ideais de excelência, amizade e respeito na vida e no desporto simbolizavam a minha felicidade.
E em momentos de preparação para competições assumia a tarefa a realizar e toda a sua envolvência como o mais importante da minha realidade.
É uma existência bastante egoísta quando o sucesso da minha ocupação é dependente inteiramente da minha disponibilidade física e mental para competir a certo nível e, de certa forma, era incentivado a tornar-me um idiota.
Era assim até que “ela” nasceu, depois o expoente máximo do que era mais importante deixou de o ser e passou simplesmente a ser “ela”.
E, para alguém, o mais importante da vida pode ser o trabalho, o futebol ou o carro, o que for. Para mim, é a minha filha. Tive a “benção” de poder escolher e para mim não há dúvidas.
Tanto tempo fora de casa em estágios e competições implica que não me seja possível estar tão presente quanto quero, e penso que grande percentagem do que é ser pai é estar presente, mudar a fralda e tentar “pesar” o bastante para lhe merecer amor, respeito e confiança.
Acredito que essa ligação especial vem do tempo juntos e é um sacrifício enorme ter consciência disso e estar longos períodos longe dela.
Essa distância faz-me apreciar ainda mais o que “ela” é.
E agora, quando estou longe de casa, quero fazer com que valha a pena e conte mais do que nunca, que nada seja em vão.
E raramente tenho um dia mau, não importa se treinos ou competições correm bem ou mal. Ela traz-me de volta à terra todos os dias porque, realmente, não interessa se corro em 29 ou em 30. Saber que quando chegar a casa a minha filha vai sorrir, feliz, faz tudo ficar bem."
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