"O futebol livrou-se de boa! Tivesse havido jornada no último fim de semana e estaria encontrado o bode expiatório para o aumento de abstenção. Será que é desta que vão perceber, de uma vez por todas, que a responsabilidade de votar não cresce pela proibição de certas actividades? Curiosamente, nenhuma outra área da sociedade foi forçada a manter taipais cerrados, dos cultos religiosos aos cinemas...
Há países, de forte tradição democrática, onde os actos eleitorais se realizam durante a semana, com as pessoas a exercerem o direito de voto numa aberta das suas actividades regulares; por cá, na véspera é proibido falar do assunto, e até o aniversário da República foi chutado para canto, passando um atestado de menoridade aos votantes. Parece claro como água que os males de que padece o regime, e que estão na base da desmotivação de 45 por cento dos recenseados, estão muito para além de um jornada de futebol. Antes não estivessem, seria tudo mais simples. Mas estão...
E, com mais esta paragem, o nosso campeonato transformou-se ainda mais uma coisa desequilibrada, tanto se descansa até mais não, como se joga como se não houvesse amanhã. Para os treinadores, esta é a tempestade perfeita, em termos de planificação; para os jogadores, trata-se de um machadada no ritmo competitivo; para os adeptos será preciso, lá para o fim do mês, lembrar qual o ponto de situação e quem vai jogar com quem; e, para os clubes, não sendo bom para nenhum, para aqueles que estão envolvidos nas competições europeias (que interessa a todos) é muito pior."
José Manuel Delgado, in A Bola
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