"Rogério de Sousa superou uma má exibição com um hat-trick que iniciou uma reviravolta épica.
Há jogos que parecem destinados a serem vencidos pela equipa que menos fez por merecer. Na 6.ª jornada do Campeonato de Lisboa 1937/38, os contornos da partida levavam a crer que o jogo entre o Benfica e o União Lisboa seria um desses casos. Os 'encarnados' entraram bem na partida, criando a primeira situação de perigo, no entanto na reposta os unionistas inauguraram o marcador. Seria o prenuncio do que aconteceria durante toda a primeira parte, 'com o Benfica a dominar e o União a marcar', indo para intervalo com uma vantagem de 3-0.
Apesar do resultado, no ataque benfiquista tanto Valadas como Espírito Santo estiveram em bom plano, ao contrário de Rogério de Sousa que 'parecia apático, lento, correndo mal às bolas'. Com a sua equipa a perder e a realizar uma má exibição, havia razão de preocupação? Talvez houvesse se fosse outro que não Rogério, mas o avançado 'era diferente, talvez devido ao equilíbrio do seu sistema nervoso, ou a qualquer outro motivo desconhecido, não exteriorizava facilmente as suas emoções. As excitações, por mais fortes que fossem, não «saltavam» cá para fora'. E, como todos os predestinados para o futebol, tinha uma relação privilegiada com a bola. 'A bola procura-o, reconhece-lo, precisa dele. No peito do seu pé, ela descansa e se embala. Ele dá-lhe brilho e fá-la falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos conversam'. A segunda parte seria a demonstração dessa perfeita relação.
Em 18 minutos, o avançado apontou três golos, reduzindo o marcador para 4-3'. A energia de Rogério, e o esforço incansável de Albino e Gaspar Pinto, operam completa reviravolta na situação', Os benfiquistas não abrandaram o ritmo e empataram a partida, num remate fortíssimo de Valadas. No último minuto, Luís Xavier marcou o golo da vitória 'encarnada' por 5-4. A imprensa declarou: 'o jogo termina, e a assistência respira!', referindo que 'temos assistido a várias partidas de football em que um grupo batido até certa altura injustamente, consegue recuperar depois o terreno perdido e salvar a situação. Nunca presenciamos, no entanto, espectáculo igual ao de ontem'.
Partidas como esta fizeram com que Rogério de Sousa se tornasse num jogador memorável para os adeptos do Clube. Saiba mais na área 23 - Inesquecíveis do Museu Benfica - Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica
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