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terça-feira, 30 de julho de 2019

Adiantamentos e atrasos de vida

"O Benfica teve Beja como porta de entrada em Portugal. Já tinha sucedido, antes, com o Sporting, também em voo vindo dos Estados Unidos. Desta vez, o avião adiantou 40 minutos, coisa que está longe de ser uma raridade em voos intercontinentais, mas o que seria um tempo ganho tornou-se tempo perdido, uma incómoda espera, dentro do avião. Os serviços de estrangeiros e fronteiras vieram, entretanto, a público com um comunicado, explicando que a culpa não era dos serviços, até porque a chegada estava prevista para as 7 e 40 e os seus homens pegaram ao serviço às 7 em ponto e ainda viram as derradeiras manobras do avião a arrumar-se na pista.
Espera-se que a culpa, desta vez, não venha a recair num qualquer pobre adjunto de secretário de estado, como sucedeu nas golas inflamáveis. Aliás, o problema nem foi grave; terá sido, apenas, incómodo. Talvez não seja necessário alguém ter de pedir a demissão, sacrificado como um cordeiro de Deus. Porém, vale a pena lembrar que ainda há poucos meses havia em Portugal uma discussão política sobre para que serviria, afinal, um aeroporto em Beja. Havia, na altura, quem defendesse a importância de uma alternativa a um sobrelotado aeroporto de Lisboa, sobretudo, para voos charters. Ora o futebol tem muito força. Uma chegada, em festa, do Benfica ou do Sporting, certamente iria ajudar à tese de que o aeroporto de Beja não só deve continuar a existir, como deve ser mais utilizado. Infelizmente, uma chegada, das raras que acontecem, com falhas favorecerá a tese de que quanto mais depressa afastarem as avezinhas do Montijo, melhor. Ainda por cima fica perto do Seixal e de Alcochete..."

Vítor Serpa, in A Bola

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