"A abundância de notícias e acções relativamente à Igualdade de Género mostra-nos que este é um tema actual e mobilizador, e o Movimento Olímpico, pelas suas características educativas, sociais e universais, assume um papel fundamental nesta mudança de paradigma.
Na Antiguidade grega, a cultura olímpica organizava-se à volta de competições que eram um sucedâneo da arte da guerra para o tempo de paz, e daí, naturalmente, excluía as mulheres.
Foi com este espírito que Coubertin, enquanto helenista de alto gabarito, em 1894, desencadeou a fundação do Comité Olímpico Internacional (COI) e a institucionalização dos Jogos Olímpicos (JO) da Era Moderna. A primeira edição realizou-se na cidade grega de Atenas, em 1896. Nesses Jogos participaram 14 países, num total de 241 atletas, todos eles homens.
Coubertin não era contra a prática desportiva das mulheres, era sim contra a participação das mulheres nos JO, uma posição que deve ser entendida de acordo com os valores da época.
Nos JO Paris 1900, participaram pela primeira vez 22 mulheres, nas modalidades de ténis e golfe. Foi necessário esperar mais 52 anos para vermos as primeiras atletas olímpicas portuguesas em acção nos JO de Helsínquia.
A participação feminina na maior competição multidesportiva a nível mundial tem vindo a aumentar gradualmente ao longo dos tempos, tendo-se verificado um crescimento quer do número de atletas, quer das modalidades que compõem o quadro competitivo feminino.
Na última edição, nos JO do Rio 2016, 45,6% do total de participantes eram mulheres. Para os próximos JO de Tóquio 2020, o COI pretende aproximar estes números, prevendo uma taxa de participação de 48,8%.
Estes números mostram claramente que os objectivos definidos pelo COI no seu documento estratégico - Agenda Olímpica 2020 -, para se alcançar um equilíbrio de participação entre homens e mulheres nos JO está no bom caminho para ser alcançado.
Mas a realidade é que, se relativamente ao numero de participação olímpica finalmente existe quase um equilíbrio nos géneros, no que se refere à representação feminina nas áreas de liderança desportiva a diferença é ainda abismal.
Por este motivo foi criado o Projecto de Revisão de Igualdade de Género do COI, tendo as conclusões do grupo de trabalho resultado num relatório com 25 recomendações que visam promover a não discriminação e uma maior participação das mulheres em todos os aspectos do desporto.
Outras excelentes iniciativas têm sido desenvolvidas, como o Programa “New Leaders”, do qual orgulhosamente faço parte, e que foi concebido para ensinar aos jovens futuros líderes desportivos na Europa os valores de igualdade de género, boa governação e sustentabilidade.
As ferramentas foram disponibilizadas, são agora necessárias vontade e metas realistas e tangíveis, seguidas por ações concretas para tornar a indústria desportiva mais igual, transparente e ética. Um desporto de todos, para todos!"
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