"De uma party garden na quinta do Visconde de Alvalade saiu o Campo Grande SC em divisão de espírito: com uma hoste achando que havia no clube «glamour» a mais e «sport» a menos (e outra não) - e foi do que se tratou na AG que se fechou em sururu.
- Daqui por seis meses estamos nós aí e há de ser como nós quisermos...
ouviu-se num rumor em alvoroço - a que José Gavazzo replicou, mordaz:
- Sim, estarão na direcção se nela houver um limpa-retretes ou um varredor...
Alguém pegou numa cadeira para lhe atirar à cabeça. José Alvalade impediu-o - lançou, amofinado, declaração (que a história havia de tornar famosa):
- Acabou! Vou ter com o meu avô, ele me dará dinheiro para fazer outro clube.
Fez o Sporting CP - e no artigo 1.º dos estatutos deixou expresso que só poderiam pertencer-lhe «indivíduos de boa sociedade e conduta irrepreensível». Pelo que, nos que lhe seguiram a fio, para se ser seu sócio era preciso ter-se cadastro limpo. Assim se chegou a 1932. Apesar de Filipe dos Santos ter sido campeão de Lisboa, puseram no seu lugar Arthur John. Tendo o Belenenses batido o Sporting por 6-0 e 9-0 para o Campeonato de Portugal, Filipe dos Santos envolveu-se em escaramuça com o director que o despedira - e suspenderam-no de sócio por um ano. Vendo-o, no Café Martinho, de humor amachucado, um amigo de clube rival, lamuriou-se por ele:
- Esses bandidos do Sporting... os malandros... os pulhas... não merecem consideração nenhuma, e tu não merecias o que o Sporting te fez...
Num acre impulso, Filipe dos Santos deu-lhe duas bofetadas e retorqui-lhe:
- Os directores do Sporting podem ser bandidos, malandros, pulhas - mas só eu ou sportinguista como eu tem direito de dizer isso deles. E contra o Sporting, então, não admito nada de ninguém.
PS: Pode não parecer mas sim: a lembrança das histórias tem a ver com os lenhos na cabeça do Bas Dost, a lágrima no olho a correr por ele (que é de todos nós) - e sobretudo com o resto..."
António Simões, in A Bola
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