"Depois de uma semana em que tanto se falou de bonecos, não resisto em debruçar-me também sobre o tema - sendo ainda uma criança, a bonecada é uma ciência que domino com alguma perícia. Curiosamente, o indivíduo que trouxe a matéria para cima da mesa é quem mais personagens me suscita no imaginário sempre que o vejo.
Quando assumiu o leme do Olhanense fazia lembrar o Tintim - corajoso e perspicaz. Assinou pela Académica e demonstrava alguns traços de Sonic - engenhoso e carismático. No momento em que chegou ao SC Braga, transfigurou-se numa espécie de Capitão Gancho - impiedoso e emproado. Pode não ter acabado com um pontapé para o meio do mar na Terra do Nunca, mas acabou com um pontapé para o meio da mata no Estádio do Jamor.
No Vit. Guimarães, meio Calimero - choramingas e ardiloso - meio Sr. Cabeça de Batata - palerma e casmurro. No Nantes, primeiro Mickey - interessante e cativador - e depois Scar - desonesto e desleal. Agora, ao leme do clube actual, vai-se assemelhando a diversas figuras. Ora a Randall Weems - sonso e dissimulado; ora a Cruella de Vil - narcisista e arrogante; ora a madrasta da Branca de Neve - 'Espelho meu, espelho meu, haverá alguém mais belo do que eu?' Dizia, há não muito tempo, esse jovem treinador da nossa praça: 'Os meus pais eram analfabetos, mas sempre me passaram princípios fantásticos. Esses princípios têm que ver com dignidade. Esta semana sofri com isso tudo, porque sou pai de cinco filhos, tenho irmãos e família. É só isto que quero dizer.' É alguém que se rege, como se percebe, por uma conduta nobre e distinta - mas só em anos bissextos.
Se este texto tem destinatário? Tem, é o Sérgio Conceição."
Pedro Soares, in O Benfica
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