"Tenho uma irmã mais nova, com quem vivi momentos marcantes na minha infância. Há algo que nunca me esquecerei: a habilidade com que a pirralha escapulia às asneiras que cometia. Fazia trinta por uma linha, mas eu era sempre o mau da fita na hora de os meus pais darem os castigos. Ela arranhava-me, mordia-me e pinicava-me: nada se passava. Contudo, se eu tivesse a insolência de lhe responder com uma sapatada, a espertalhona chorava baba e ranho, e o crucificado era o mais velho. O modo como Sérgio Conceição analisa os jogos do FC Porto é assustadoramente idêntico à estratégia utilizada pela minha irmã. A equipa é beneficiada uma vez, e ele cala-se caladinho. O árbitro volta a errar em favor do FC Porto, e nem um pio do treinador. Todavia, quando ocorrem lances - ainda que duvidosos - com decisões desfavoráveis, Sérgio puxa do pacote de lenços e chora baba e ranho.
Assim foi com o Aves - resumiu uma prestação miserável dos seus jogadores a uma jogada discutível ao minuto 90 e assim foi com o Benfica - sintetizou em dois lances um jogo onde não ganhou apenas e só pela aselhice de Marega - se o avançado maliano acertasse na bola com a mesma pontaria com que Felipe acertou no Jonas logo aos 10 minutos, talvez o resultado fosse diferente.
Tenho 23 anos e vejo futebol, seguramente, há 15 ou 16. Foram necessários 20 (!) visitas do Benfica à Invicta para eu poder testemunhar um clássico onde o árbitro errou para os dois lados. Até aqui, o desgraçado era sempre o mesmo - será daí a origem do nome 'clássico'? Desta vez, houve dois clubes com razões de queixa e um deles estrebucha de revolta. No fundo até compreendo: estão mal habituados."
Pedro Soares, in O Benfica
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