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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O 'momento Kelvin' de Lisandro López

"Quando Herrera teve aquele pontapé disparatado que deu canto ao Benfica no minuto 90+2, ficou no ar que algo ia acontecer...

No que toca a jogos entre FC Porto e Benfica no Estádio do Dragão, é indesmentível que o minuto 90+2 é special. Foi o special one quando Kelvin fez ajoelhar Jorge Jesus, tirando um título que parecia certo ao Benfica e ontem foi o special two, com aquela cabeçada de Lisandro López que tornou infrutífera a estirada de Iker Casillas.
Há momentos, no futebol, que também são specials. Quando acontecem, fica no ar a sensação de que estará para acontecer alguma coisa relevante. Ontem, esse instante bizarro aconteceu no pontapé de Herrera que deu o canto que haveria de dar o empate ao Benfica. O mexicano, que nunca entrou realmente em jogo, quis atirar a bola contra Eliseu e acabou por dar chutão pela linha de fundo. E assim foi reescrita uma história que parecia ir terminar com a vitória dos dragões. Que seria, diga-se, justa. O FC Porto assumiu o clássico com uma enorme irreverência e mostrou que jogadores como Otávio, Diogo Jota, André Silva e Oliver Torres estão no bom caminho. À saída do Dragão, interrogados pelas televisões, vários adeptos portistas chamaram contra o facto de Nuno Espírito Santo ter reforçado o meio-campo portista no derradeiro quarto de hora. Normalmente, estes comentários são feitos em função do resultado. Se tivesse ganho por 1-0 gabar-lhe-iam, muito provavelmente, a frieza e o pragmatismo; assim, como empatou, rogam-lhe pela pele. Creio que o treinador do FC Porto, cuja equipa actuou com uma intensidade supersónica durante mais de uma hora, se limitou a ser razoável. O desgaste começava a notar-se, o Benfica iria, como foi, subir linhas e expor-se mais e aquilo que Nuno Espírito Santo fez não creio que mereça censura. O resto é futebol.
Para o Benfica, que ficou em dezasseis o novo recorde nacional de vitórias fora de casa consecutivas para o campeonato nacional, o golo de Lisandro foi deveras importante. Porque manteve o FC Porto a cinco pontos; porque não deixou que o Sporting se aproximasse mais do que a manita de pontos; e porque num hipotético desempate com os dragões tem a vantagem de jogar em casa na segunda volta.
A nova paragem do campeonato também deverá ajudar Rui Vitória. Porque Grimaldo, Fejsa, Jonas e Rafa têm lugar no melhor onze da Luz. Muita gente, não é?

Na época passada, no Estádio da Luz...
«Era importante vencer. Pelo minuto em que sofremos o empate, este jogo vai deixar-nos magoados...»
Nuno Espírito Santo, treinador do FC Porto
É verdade que o empate não foi um bom resultado para o FC Porto, mas a boa noticia para Nuno Espírito Santo terá vindo da qualidade da exibição da sua equipa. Na última época, o Benfica perdeu com os dragões na Luz (exibição fenomenal de Iker Casillas) mas aproveitou o bom jogo que fez para alavancar o resto da temporada. E a verdade é que depois dessa derrota só somou vitórias...

ÁS
Lisandro López
Entrou no clássico para substituir o lesionado Luisão e não tremeu em nenhum momento. Realizou uma exibição serena e segura e entendeu-se às mil maravilhas com Vítor Lindelof, estabelecendo uma muralha de aço na protecção a Ederson. O golo que marcou foi uma espécie de cereja no topo do bolo numa grande noite.

ÁS
Diogo Jota
Um dos mais excitantes projectos de grande jogador do futebol português. A evoluir desta forma, o Atl. Madrid vai retirar dividendos de tê-lo enviado para a incubadora do Dragão (não é crível que, com o aperto financeiro em que vive, o FC Porto possa bater os 22 milhões de opção). Mais um nas contas de Fernando Santos...

REI
Cristiano Ronaldo
Numa altura em que o frasco de ketchup está entupido quanto aos golos merengues, o fora de série português vê hoje prolongado até 2021 o contrato com o Real Madrid. Os valores envolvidos aliviaram, por certo, o défice de Centeno, mas o que interessa é que esta estabilidade pode fazer regressar a melhor versão de CR7.

Ederson ainda invicto
Ederson, de águia ao peito, ainda não conheceu a derrota em competições nacionais. Ontem esteve muito perto de perder essa invencibilidade - e deve rever o golo de Diogo Jota para avaliar posicionamento e atenção ao seu primeiro poste -  mas o golo tardio de Lisandro salvou-lhe o registo. Trata-se de um jovem de enorme valor, um dos melhores a jogar com os pés, que se viu projectado para o futebol por um ex-guarda-redes, Nuno Espírito Santo, que também teve responsabilidades na ascensão de Jan Oblak. Quem sabe, sabe...

Como canta Sinatra, Chicago, my kind of town
Chicago é a cidade onde se matam borregos. Na mesma semana, no basebol os Cubs venceram as World Series, que lhe fugiam há 108 anos e no râguebi, a Irlanda derrotou pela primeira vez a Nova Zelândia, após 111 anos de duelos. O jornal neozelandês The Press fez capa com esse feito, dizendo que até foi bom para a modalidade."

José Manuel Delgado, in A Bola

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