"O desporto, como tudo na vida, precisa da memória da excelência, como património geracional que se prolonga pelo tempo e não fenece. Quis o destino, que a morte de Mário Wilson tenha acontecido num tempo conturbado do futebol, cada vez mais apartado do ideal desportivo genuíno e sadio da competição.
Por isso, é importante, aqui e agora, evocar o Capitão ou o Velho Capitão como era tratado e conhecido, quando chamar ao treinador mister entre muitos misteres era ainda uma inexistência.
Ainda me recordo de Mário Wilson como jogador da Académica numa famosa dupla defensiva com Mário Torres. Mas, é na qualidade de condutor de homens e treinador profundamente humanista que agora escrevo estas breves palavras. Tive a oportunidade de com ele falar várias vezes. E, ao ouvi-lo, sentir a magnanimidade do carácter, a lhaneza do trato, a respiração da experiência, o personalismo afectuoso da relação, a convicção firme, mas sem arrogância, a lucidez apaixonada, o discernimento sábio, o optimismo temperado, mas contagiante.
Mário Wilson representou sempre, o lado bom do futebol. Bom no dever, na entrega, na simplicidade natural, até na utopia e no sonho. Mas também no exemplo, na autenticidade, no companheirismo. E no sentido da união e do trabalho gregariamente solidário.
Mário Wilson representa para mim uma certa expressão do desporto que deixou de ser a norma. Onde o que contava era tão-só o futebol jogado. De paixão pura, sem adiposidades ou adjacências. Sem mediatismos bacocos feitos de lugares-comuns e onde a iconografia era a do exemplo no trabalho e não a da imagem ficcionada."
Bagão Félix, in A Bola
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