"Não, senhor primeiro-ministro, nem todos os atletas portugueses que estiveram presentes nos Jogos Olímpicos do Rio merecem o pódio de Portugal. Calculo que a ideia lhe tivesse soado bem e, daí, dizê-la ao povo, nessa habitual presunção que os políticos sempre mostram ao dizerem frases que soam bem e parecem cair melhor. Porém, lamento, não o acompanho.
O País que o senhor primeiro-ministro lidera, na governação, é Portugal e tem de ser, a meu ver, um país de exigência e não um país que, amável e contentinho, sempre se admira com os melhores e se conforta com os piores.
A exigência, no desporto é, felizmente, marcada por resultados e não por considerações e interpretações errantes. A exigência, no desporto, é, mais do que uma regra, uma cultura. Uma cultura de exigência permanente para se ser melhor todos os dias, em todas as provas, em todos os momentos. E se essa cultura inundasse a cultura supostamente erudita e desventurada em que o Portugal do nosso e de outros tempos mergulhou, por vezes, sem uma réstia de dignidade e de orgulho, seríamos, senhor primeiro-ministro, um país melhor.
É por isso que eu quero dizer-lhe, com toda a serenidade e respeito, que não é bom, no meu humilde e, se calhar, tonto pensamento que aqueles que lutaram, suaram e sofreram por serem os melhores o oiçam dizer que tanto eles, como os outros, os medíocres, os maus e os assim-assim, todos merecem estar no pódio de Portugal.
É profundamente injusto para os melhores. É profundamente errado, como referência política. É profundamente nefasto, do ponto de vista de exemplo para o País."
Vítor Serpa, in A Bola
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