"O apuramento de Nélson Évora para a final do triplo salto tem um significado especial, porque não apenas representa uma marca de excelência e de alto nível internacional de um atleta português, numa disciplina técnica do atletismo, representa muito mais do que isso: a vitória da força, do crer, da mais espantosa dimensão humana.
Depois de ter conquistado a medalha de ouro em Pequim com um salto de 17,67 metros (menos 7 centímetros do que o seu recorde pessoal que lhe dera o título mundial meses antes da vitória dos Jogos) Nélson teve duas lesões muito graves. A primeira, em 2012, que o impediu de defender o título olímpico em Londres. A segunda, dois anos depois, numa altura em que se pensava que caminhasse para uma recuperação total.
Oito anos depois do título Olímpico e dessas duas dramáticas lesões, Nélson surge nos Jogos do Rio com um discurso invulgar, no qual afirma a sua forte determinação. Qualifica-se para a final do triplo com um salto em cima dos 17 metros e discutirá, hoje, um lugar no pódio dos Jogos do Rio.
Quero assinalar e enaltecer o exemplo do Nélson Évora antes da final, porque quero afirmar que há casos em que os resultados, as marcas, os números são muito menos importantes do que o exemplo. E é difícil encontrar exemplos desta dimensão. É difícil encontrar casos em que a realidade ultrapassa, de facto, a ficção.
Claro que a qualificação de Fernando Pimenta para a final de hoje é notável, do ponto de vista desportivo. Mas a qualificação do Nélson é notável do ponto de vista de exemplo de uma vida. Aconteça o que acontecer hoje, o outro ninguém lhe tira."
Vítor Serpa, in A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário
A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!